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Powell: crise bancária deve afetar famílias, mas ainda é cedo para dizer como política monetária deve intervir
Durante seu comunicado nesta quarta-feira (22), o presidente do banco central americano (Fed), Jerome Powell, reforçou que o objetivo da politica monetário da Fed é trazer a inflação dos atuais 6,4% para a meta de 2% ao ano. Powell colocou a alta de preços e o aquecimento do mercado de trabalho como principais impeditivos para a contenção da política de juros altos.
Com base nisso, o Fed aumentou a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, com o intervalo passando de 4,5% a 4,75% para 4,75% a 5%.
Por outro lado, a crise bancária ainda é nebulosa e ações para contê-la ainda não estão no programa, embora seja certo que as famílias e empresas devem ser afetadas, diz o chairman do Fed.
“Acreditamos, no entanto, que os acontecimentos no sistema bancário nas últimas duas semanas provavelmente resultarão em condições de crédito mais restritivas para famílias e empresas, o que, por sua vez, afetaria os resultados econômicos”, avalia.
Powell diz ainda que ainda não é possível determinar a extensão dos efeitos da crise bancária e, por isso, “muito cedo para dizer como a política monetária deve responder” ao movimento que afetou bancos americanos e europeus, como SVB, Signature, First Republic e Credit Suisse.
Contenção dos juros foi considerada após SVB
O presidente do Federal Reserve dos EUA (Fed) disse que o Fed estava considerando seriamente interromper os aumentos das taxas de juros após o colapso do Silicon Valley Bank. “Consideramos isso nos dias que antecederam a reunião”, disse ele.
No final das contas, o Fed elevou as taxas de juros em um quarto de ponto, provavelmente, um aumento mais suave do que teria ocorrido sem a crise bancária.
“Realmente, antes dos eventos recentes, estávamos claramente no caminho para continuar com os aumentos contínuos das taxas. Na verdade, até algumas semanas atrás, parecia que precisávamos aumentar as taxas ao longo do ano mais do que esperávamos”, disse ele.
Sistema bancário forte e resiliente
Powell reforçou na sua fala e respondendo às perguntas dos jornalistas que o sistema bancário “é forte e resiliente com forte liquidez de capital, e que a crise não significa uma fraqueza generalizada”.
Ainda assim, disse que o Fed seguirá “monitorando de perto as condições do sistema bancário” e que a instituição está preparada “para usar todas as ferramentas” para manter o sistema financeiro “são e salvo”.
Paralelos com 2008?
Ele acrescenta ainda que não há paralelo desta crise com a de 2008. “Estamos bem cientes das concentrações que as pessoas têm em imóveis comerciais”, diz Powell ao mencionar a crise dos subprimes. “Mas não acho que seja comparável a isso”, avalia.
“O sistema bancário é forte, é resistente. Está bem capitalizado. E eu realmente não vejo isso como algo análogo”, arremata Powell.
SBV ‘falhou terrivelmente’
Ele disse ainda que pretende fazer uma revisão da fiscalização e da regulame”ntação bancária para evitar reedições de casos como do SVB, que, segundo Powell, “falhou terrivelmente”.
“Meu único interesse é que identifiquemos o que deu errado aqui. Como isso aconteceu é a questão. Nós vamos encontrar isso. Em seguida, faremos uma avaliação de quais são as políticas corretas a serem implementadas para que isso não aconteça novamente. Em seguida, implementaremos essas políticas”, garantiu.
Emprego e inflação
Powell disse ainda que “ inflação continua muito alta e o mercado de trabalho, muito apertado”, o que impõe uma continuidade da política de juros altos. “Meus colegas e eu entendemos as dificuldades que a alta inflação está causando e continuamos fortemente comprometidos em reduzir a inflação para nossa meta de 2%”, diz o presidente
“A estabilidade de preços é responsabilidade do Federal Reserve. Sem estabilidade de preços, a economia não funciona para ninguém. Em particular, sem estabilidade de preços, não alcançaremos um período sustentado de fortes condições do mercado de trabalho que beneficiem a todos” , completa.
Sobre o mercado de trabalho, ele também destacou o superaquecimento, com os ganhos de empregos aumentando nos últimos meses e o emprego crescendo em uma média de 351.000 empregos por mês nos últimos três meses.
“A taxa de desemprego permaneceu baixa em fevereiro, em 3,6%. A taxa de participação na força de trabalho aumentou nos últimos meses, e o crescimento salarial mostrou alguns sinais de desaceleração. No entanto, com as ofertas de emprego ainda muito elevadas, a procura de mão-de-obra excede substancialmente a oferta de trabalhadores disponíveis”, acrescenta.
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