Dólar à vista tem queda de 1% com diferencial de juros no radar
O dólar à vista encerrou a sessão de hoje exibindo desvalorização forte contra o real, em uma sessão marcada pela depreciação global da moeda americana. Operadores mencionaram a perspectiva de um diferencial de juros maior como motivo para o bom desempenho do real – hoje a melhor performance entre as 33 moedas mais líquidas acompanhadas […]
O dólar à vista encerrou a sessão de hoje exibindo desvalorização forte contra o real, em uma sessão marcada pela depreciação global da moeda americana. Operadores mencionaram a perspectiva de um diferencial de juros maior como motivo para o bom desempenho do real – hoje a melhor performance entre as 33 moedas mais líquidas acompanhadas pelo Valor.
Terminadas as negociações, o dólar comercial fechou em queda de 1,03%, cotado a R$ 5,5100, depois de ter tocado a mínima de R$ 5,4975 e encostado na máxima de R$ 5,5805. Já o euro comercial exibiu depreciação de 0,57%, cotado a R$ 6,1317. No exterior, perto das 17h10, o índice DXY recuava 0,42%, aos 100,689 pontos.
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A sessão desta segunda-feira começou com o dólar mostrando fraqueza global, ainda que por aqui no início das negociações a moeda americana tenha mostrado alguma resiliência. Operadores disseram ver a preocupação com a questão fiscal como motivo para cautela no mercado local. No fim de semana, o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou créditos fora do arcabouço para o controle das queimadas no país.
“Semana passada já tinha algo nessa linha, não é exatamente uma surpresa, mas é bem ruim”, diz um gestor de moedas. “Tenho a impressão que o [investidor] local já está ‘bear’ [pessimista com o real], a dúvida é se atinge o [investidor] estrangeiro.”
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Na avaliação do sócio e diretor de investimentos da Armor Capital, Alfredo Menezes, a valorização do real desencadeada desde quinta-feira, diante de um aumento do diferencial de juros, é uma antecipação do mercado. “Sabe aquela história de que “quando ocorre o fato, não faz mais preço? A impressão que tenho é que muitos investidores já anteciparam o movimento dos juros que serão anunciados na quarta-feira [tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos]”, diz.
Menezes diz, porém, que essa grande expectativa pode se frustrar, uma vez que ainda há incertezas locais (como a questão fiscal e uma piora nos termos de troca) que podem travar a vinda de fluxos para o país, além de que o último trimestre é marcado pela saída de capital via pagamento de dividendos e envio de remessas das multinacionais às matrizes. “Essa saída de capitais está bem relacionada à atividade econômica do país, e como a atividade do Brasil está boa, a remessa de juros e dividendos deve ser alta, mantendo o nosso fluxo financeiro apertado.”
Nesse sentido, o sócio da Armor Capital diz não ver espaço para o dólar operar abaixo de R$ 5,40, e diz que caso isso ocorra, abre-se oportunidade para montar posições vendidas em real, diante da perspectiva de que a moeda brasileira volte a desvalorizar. Por enquanto, a Armor não tem uma posição direcional contra ou a favor da moeda brasileira.
No exterior, investidores enxergam com algum otimismo o movimento do real. Estrategistas do banco espanhol BBVA avaliam, em nota, que o fato de uma elevação da Selic ocorrer ao mesmo tempo que o Fed está cortando as taxas pode ser o catalisador que os mercados estavam à espera, “especialmente se ambos surpreenderem do lado mais forte” (Selic subindo 0,50 ponto percentual e Fed Funds caindo 0,50 ponto percentual).
Ainda que a Selic mais alta possa vir a determinar o diferencial de juros e fortalecer o real, o oposto também é válido: a dinâmica do real é um dos fatores que estabelecerão o tamanho do ciclo de altas de juros por aqui. Em nota, economistas do Goldman Sachs hoje dizem projetar a Selic a 11,50% em dezembro deste ano. “Esperamos que os cortes nas taxas comecem na reunião de 25 de junho (em vez de na reunião de julho na nossa previsão anterior) e que a taxa Selic termine 2025 em 10,25% (contra 9,50% na previsão anterior)”, apontam.
Se o real e as expectativas de inflação não melhorarem, o banco americano não descarta um ciclo de alta mais profundo. “Por outro lado, um real mais forte e a melhora do equilíbrio dos riscos para a inflação poderiam levar a um ciclo mais suave de subida das taxas de 1 ponto percentual”, complementa.
*Com informações do Valor Econômico