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Ouro fecha em queda antes de ata do Fed
O ouro fechou em baixa nesta terça-feira (21), com a demanda pelo metal pressionada pela alta do dólar no exterior, que tende a encarecer commodities cotadas na divisa americana, e dos rendimentos dos Treasuries, que concorrem com o ouro enquanto ativo de segurança.
Os movimentos ocorreram na véspera da ata da última reunião monetária do Federal Reserve (Fed), que pode dar mais sinalizações acerca dos próximos passos da política monetária nos EUA.
Na Comex, divisão para metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o ouro com entrega prevista para abril fechou em queda de 0,42%, a 1.842,50 por onça-troy.
De acordo com o analista Edward Moya, da Oanda, a ata do Fed pode “confirmar” a percepção de que o BC americano tem mais trabalho a fazer para controlar a inflação nos EUA. Devido a comentários de membros mais “hawkish” da entidade, como Loretta Mester e James Bullard, parte do mercado agora precifica alta de 0,75 ponto percentual dos juros na próxima reunião de março, mesmo após a desaceleração do ritmo de aperto monetário em fevereiro para 0,5 p.p..
Mas mesmo que o Fed confirme sua postura dura e o dólar e os rendimentos dos Treasuries subam mais, o ouro não deve recuar tanto quanto ativos de risco, segundo Moya. Isso porque “riscos geopolíticos crescentes provavelmente vão mover algum fluxo” para o metal enquanto Wall Street chega perto de precificar o pico dos juros nos EUA, explica o analista.
Dólar
O dólar operava em alta no exterior na manhã desta terça, seja frente a moedas de mercados desenvolvidos, seja ante moedas de mercados emergentes. No radar dos investidores segue a preocupação com o aperto monetário nos Estados Unidos, com a atenção à ata do Federal Reserve (Fed) a ser divulgada amanhã. A preocupação vem crescendo com a sequencial divulgação de dados robustos da economia americana, dando pistas para um prolongamento da normalização da política do Fed, o que já começa a entrar na projeção de grandes instituições financeiras.
Às 9h40, o índice DXY, que mede o peso do dólar ante uma cesta de seis moedas de mercados desenvolvidos, operava em alta de 0,23%, a 104,096. Ainda que tenha mostrado força ante tais divisas, o dólar perde frente à libra, com a moeda britânica avançando 0,51%, a US$ 1,2098. Já contra moedas de mercados emergentes, o dólar avança 1,01% ante o rand sul-africano e 0,14% contra o peso mexicano. Em relação à divisa japonesa, o dólar avança 0,32% a 134,764 ienes.
Em nota pela manhã de hoje, o banco holandês ING apontou que a visita de ontem do presidente dos EUA, Joe Biden, a Kiev e a promessa de mais apoio à Ucrânia não têm implicações claras para os mercados no curto prazo, “mas provavelmente reiteram a noção agora bem estabelecida de que este será um longo conflito”. Ainda que o banco reconheça que a moeda americana ainda apresente bom desempenho na sessão de hoje, ele aponta para uma aproximação do fim do fortalecimento do dólar.
Para a analista de câmbio do Commerzbank Esther Reichelt, o movimento sobre qual moeda (euro ou dólar) permanecerá no topo no médio prazo provavelmente dependerá fortemente de qual banco central aguentar mais alto por mais tempo. “E isso também dependerá muito do desempenho econômico real das duas áreas econômicas, razão pela qual a importância de indicadores como o índice de gerentes de compras para taxas de câmbio pode aumentar por enquanto.”
Na sessão de hoje, o índice gerente de compras (PMI, na sigla em inglês) da zona do euro veio forte, mostrando recuperação e com as atividades voltando ao território de expansão –acima de 50 pontos. Mas, como o ING também apontou na manhã de hoje, “a combinação de atividade econômica melhor do que o esperado no início do ano e pressões inflacionárias do setor de serviços que permanecem elevadas provavelmente manterá o BCE no modo ‘hawkish’ [mais favorável ao aperto monetário]”.
Resta agora esperar a divulgação da ata do Fed amanhã para tentar encontrar algum sinal da orientação da postura do BC americano.
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