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Dólar recua pela 7ª sessão seguida e testa nível de R$ 5,40
O dólar à vista exibe depreciação firme na sessão desta quinta-feira, marcando o sétimo pregão consecutivo de desvalorização da moeda americana contra o real. Há dois suportes para o bom desempenho da divisa brasileira hoje, os cenários local e o externo.
Por aqui, o tom “hawkish” (agressivo, inclinado à alta de juros) do Banco Central beneficia o câmbio não apenas por conta do diferencial de juros que tende a se alargar (com os Estados Unidos cortando as taxas e o Brasil subindo), mas também porque a preocupação da autoridade com o controle da inflação ajuda a retirar prêmios de risco relacionados a um colegiado mais leniente com a alta de preços. Em relação ao exterior, a decisão do Federal Reserve (Fed) de ontem vem sendo reavaliada pelos agentes financeiros, que hoje exibem maior apetite ao risco, impulsionando moedas ligadas a commodities e índices acionários.
Perto das 13h30, o dólar comercial era negociado em queda de 0,98%, cotado a R$ 5,4089, depois de ter tocado a mínima de R$ 5,3958. Caso encerre em queda, o dólar irá amargar a sétima sessão seguida de desvalorização frente ao real, a pior sequência da divisa desde março de 2022, quando houve oito quedas consecutivas. Nesses últimos seis dias, a desvalorização do dólar já se aproxima de 4,35%.
“Esse movimento veio muito pelo cenário externo, pela percepção de que o BC americano iria começar a cortar suas taxas com mais forte, o que de fato ocorreu”, diz Jorge Dib, sócio e gestor da Galapagos Capital. “Como começou o desmonte dos juros nos Estados Unidos, somado a um novo ciclo de alta de juros aqui, sem dúvida nenhuma o aumento do diferencial de juros joga a favor do real.”
No horário acima, o euro comercial recuava 0,58%, cotado a R$ 6,0327. O real mais uma vez lista entre as divisas com melhores desempenhos frente ao dólar, de uma relação de 33 moedas acompanhadas pelo Valor.
Ainda para o gestor da Galapagos, hoje o real se tornou a “moeda que sobrou” entre os emergentes, dados os problemas idiossincráticos dos mercados pares do Brasil. “No leste europeu e na Ásia, os juros estão muito baixos ainda. Turquia e Argentina não são ‘players’ agora. Rússia é ‘ininvestível’. A China não tem juros [altos]. Então o que sobra são México e Brasil. Mas no México a situação também tem ficado mais ruidosa por conta dos eventos políticos recentes.”
Na sua avaliação, caso não haja nenhuma surpresa com dados americanos, há uma janela que pode beneficiar o real. Diante dessa perspectiva, o Brasil tende a voltar a ser um destino de fluxos estrangeiros, ainda que seja algo de curto prazo, avalia o gestor da Galapagos. “Dentro dos ativos do Brasil, um ativo que gostamos hoje é o real”, diz, complementando que abriu posição na moeda contra o dólar na última semana. “O real é uma das moedas mais líquidas entre emergentes. Então é uma moeda convidativa para atrair fluxos mais rápidos, da mesma forma que sai rápido se precisar.”
Ainda na avaliação de Dib, há uma precificação já bastante forte sobre corte das taxas na curva de juros americana. “Eventualmente, o mercado pode até subir os juros mais longos nos Estados Unidos, e isso talvez possa frear a busca pela moeda brasileira, embora a direção seja de apreciação do real no curto prazo.”
A percepção é que o momento é de uma perspectiva de real mais forte não apenas contra o dólar, mas também frente a outras moedas pares como o peso mexicano. O gestor da Galapagos diz ainda não ter posição neste sentido, comprado em real e vendido em peso, mas tem se interessado por essa estratégia.
*Com informações do Valor Econômico
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