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Economista explica: tabelar os juros é um erro?
Para Elena Landau, tabelamento artificial das taxas não ajudará na retomada da economia
Por que não colocar taxas de juro em zero? Em entrevista para a Inteligência Financeira, a economista Elena Landau responde àqueles que insistem que a taxa de juro pode ser tabelada ou derrubada de acordo com a vontade do governante de plantão.
O presidente Lula colocou em pauta o tema na discussão econômica orquestrando sucessivos ataques ao presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.
Para Lula, o presidente do BC está errando a mão ao manter a taxa de juro básica num patamar tão elevado. Ocorre que o Banco Central é independente e, portanto, não é decisão do presidente qual o patamar em que as taxas devem ficar. Esta é uma decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) composto por oito membros do BC.
Cada membro tem um voto e o que guia a decisão do Copom é, fundamentalmente, as condições para proteger a moeda, ou seja, não deixar que uma escalada inflacionária tire o poder de compra dos brasileiros.
Taxa de juro é o preço do dinheiro, o custo da troca intertemporal. Então, se você precisa de dinheiro, vai pagar um juro por ele. Na outra mão, quem tem dinheiro sobrando empresta os recursos para o governo, por exemplo, e recebe um juros por ele.
As incertezas sobre a capacidade de pagamento desses juros é um dos fatores que alimentam a alta da taxa.
Para Elena, esses ataques não ajudam a derrubar as taxas, ao contrário, aumentam as incertezas.
E incertezas são combustíveis para alta nos juros.
Tabelamento artificial de juros não ajudará a retomar a economia, segundo a economista. “E não acredito que isso irá acontecer”, diz. Portanto, os ruídos gerados pelo próprio presidente Lula precisam ser melhor entendidos para saber o que quer alcançar com essa discussão.
A Constituição em seu artigo 192 já previa um tabelamento de juros em até 12% que nunca foi regulamentado.
O próprio presidente Lula, em seu primeiro mandato, aprovou a PEC 40 que tirou esse tabelamento da Constituição.
Na avaliação da economista Elena, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, formam uma ilha de tranquilidade em meio ao tiroteio que o presidente Lula tem feito. Os dois se mostram alinhados ao compromisso fiscal e à reforma tributária.
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