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Economistas veem aumento da ociosidade no ano que vem
Os economistas do setor privado calculam que a ociosidade da economia crescerá no ano que vem, segundo o questionário realizado antes da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). As estatísticas do documento foram divulgadas ontem pelo Banco Central (BC). Hoje, a própria autoridade monetária vai apresentar no Relatório Trimestral de de Inflação (RTI) as suas projeções para a ociosidade da economia.
De acordo com o questionário pré-Copom, a projeção mediana dos economistas para o hiato do produto, uma medida de ociosidade, está negativa em 1,9% no último trimestre de 2021 e em 2,4% nos últimos três meses do ano que vem.
O hiato do produto é o que os economistas chamam de “variável não observável”, cuja medição pode ser feita com base em diferentes metodologias – o que pode levar a resultados também diferentes. A variável é importante para a condução da taxa básica de juros. De maneira simplificada, quanto mais negativo for o hiato, maior é a ociosidade da economia. Uma economia com maior ociosidade ajuda, por sua vez, a manter a Selic em patamares mais baixos.
As projeções divulgadas contrastam tanto com o cenário traçado anteriormente pelos próprios economistas quanto com o quadro apresentado pelo BC no último RTI. No questionário pré-Copom de setembro, a projeção mediana para o hiato estava negativa em 2% no quarto trimestre deste ano e em 1,5% no mesmo período do ano que vem. Ou seja: em vez de aumentar, a ociosidade diminuiria.
Já a autoridade monetária, embora não tenha divulgado a sua projeção específica para o quarto trimestre de 2021, afirmou no RTI de setembro que “o hiato continua a trajetória de redução de sua abertura”, diminuindo a ociosidade. Na ocasião, o BC calculava que o hiato ficaria negativo em 1,2% nos últimos três meses do ano que vem.
A comparação entre os questionários mostra ainda que os economistas projetando um fechamento do hiato demorará mais tempo do que era calculado anteriormente. No documento mais recente, 5,7% dos analistas calculam que a ociosidade da economia será preenchida em algum momento de 2022. Em setembro, eram 23,5%.
Para Ricardo Barboza, professor colaborador da Coppead-UFRJ, o aumento da ociosidade projetado para 2022 é causado principalmente pela desaceleração da atividade econômica, decorrente por sua vez do ciclo de elevações da Selic promovido pelo BC desde o início do ano.
“Esse movimento terá um alto custo para a sociedade, uma vez que a política monetária tem efeitos cumulativos e defasados”, diz. Ele chama a atenção, por exemplo, para o fato de o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), divulgado também ontem pela autoridade monetária, estar 2% abaixo do patamar pré-pandemia.
As perguntas do questionário pré-Copom são enviadas pelo BC a instituições financeiras, consultorias e gestoras de recursos dez dias antes das reuniões do colegiado, e podem ser respondidas durante a semana seguinte. Posteriormente, as estimativas dos analistas para as variáveis macroeconômicas ajudam o colegiado a decidir sobre a trajetória da Selic.
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