Por que as emendas parlamentares ditam o andamento da política em 2025?

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), pôs fim ao impasse das emendas parlamentares. Dino homologou o plano para dar maior transparência ao uso de parte dos recursos do Orçamento. A decisão de Dino ocorreu na quarta-feira (26).
Assim, o pagamento das emendas está liberado. Dessa forma, não há necessidade de referendo prévio pelo plenário do Supremo.
Dino pediu antecipação no julgamento em plenário virtual. Então, a presidência da Corte confirmou o pedido e o julgamento ocorre entre meia-noite desta sexta e segue até 5 de março.
As emendas parlamentares são cruciais para a governabilidade.
Emendas ditam o ritmo das discussões no Congresso
Em Brasília, esse diagnóstico existe quando se conversa com qualquer ator do Executivo, Legislativo e Judiciário.
Até agora, mesmo com o início do ano legislativo, pouca pauta avançou no Congresso. Isso porque deputados e senadores à espera de uma solução para o problema que se instalou desde 2022.
Ou seja, as emendas ditam o ritmo das pautas no Congresso a menos de 2 anos das eleições de 2026.
Como surgiram as emendas?
Elas surgiram como uma forma de o Congresso participar da execução de despesas. Porém, elas se tornaram cruciais para que determinadas áreas e ministérios possam funcionar. Mas também para que o Executivo consiga governar.
Por outro lado, os parlamentares, que sabem como suas bases funcionam, querem dar assistência mais direta e de forma mais rápida via emendas.
Assim, é comum ouvir deputados e senadores solicitando ao Executivo emendas para conseguir pôr em funcionamento uma política pública. Isso influencia a balança de poder entre Executivo e Legislativo, ambos eleitos para representar o povo brasileiro.
Valores das emendas
Além da discussão envolvendo o Judiciário, há outra parte que acaba travando o andamento dos trabalhos no Congresso Nacional: os valores.
Para 2025, o Orçamento ainda não está aprovado. E uma das principais discussões é a possibilidade de reaver valores não empenhados em emendas no ano passado. Nesta situação estão R$ 2,5 bilhões.
Enquanto o argumento do governo é de que, uma vez virado o ano, não há como “recuperar” valores não empenhados, congressistas querem que esses valores entrem “a mais”, somando ao previsto para 2025.
O que é possível que ocorra.
Abaixo, o gráfico mostra as emendas parlamentares pagas (em bilhões de reais) desde 2016.

Desenho para 2025
O desenho para 2025 indica um mínimo de R$ 25,1 bilhões em emendas individuais, R$ 12,6 bilhões em emendas de bancada e R$ 11,5 bilhões em emendas de comissão. Esses números devem mudar no decorrer da nova tramitação.
Esta última deve vir em Lei Complementar após a aprovação do Orçamento. Além disso, há ainda a possibilidade de inclusão, por meio de uma emenda modificativa, de valores de RP2 ou RP3.
Isso significa que o recurso estará na rubrica de alguns ministérios e usado para negociações com parlamentares, dando poder ao Executivo em uma fatia do recurso discricionário.
Na semana passada, senadores aprovaram um Projeto de Lei que, na prática, desfaz o cancelamento de R$ 4,6 bilhões em emendas impositivas empenhadas e permite que o governo realize o pagamento até o fim de 2026.
Mais do que o valor em si, o andamento deste projeto é mais uma prova de como o assunto toma conta da política em Brasília e precisa ser resolvido.
Do contrário pautas importantes, como por exemplo a tributação dos dividendos e a isenção do imposto de renda para salários de até R$ 5 mil, podem não andar.
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