Empresas brasileiras perdem R$ 1,5 trilhão em 12 meses

Montante perdido em valor de mercado equivale a 17% do PIB. No semestre, as perdas somaram R$ 449 bilhões. Magazine Luiza, Rede D’Or, e Ambev tiveram maior peso nessa queda

J.P. Morgan projeta Ibovespa com 130 mil pontos ao fim de 2023. (Foto: Divulgação/B3)
J.P. Morgan projeta Ibovespa com 130 mil pontos ao fim de 2023. (Foto: Divulgação/B3)

A conta foi salgada: nos primeiros seis meses do ano, as empresas brasileiras perderam R$ 449 bilhões de valor de mercado, equivalente a Itaú Unibanco e Bradesco somados. Em 12 meses foi ainda pior, R$ 1,558 trilhão, ou cerca de 17% do Produto Interno Bruto (PIB).

Segundo os dados divulgados pela B3, o valor de mercado de 523 companhias em 30 de junho deste ano era de R$ 4,096 trilhões (cerca de US$ 782,1 bilhões pela taxa de câmbio daquela data). No fim de 2021, os valores para 398 empresas acompanhadas pela bolsa eram de R$ 4,545 trilhões (US$ 814,5 bilhões). Em 30 de julho de 2021, os valores somados de de 376 companhias então acompanhadas pela B3 eram de R$ 5,654 trilhões (US$ 1,13 trilhão).

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No semestre, as empresas que tiveram maior peso nessa queda, segundo levantamento feito pelo Valor Data com uma base de 316 empresas foram Magazine Luiza (Magalu), com uma perda de R$ 32,9 bilhões (68%), Rede D’Or, R$ 31,9 bilhões (35%) e Ambev, R$ 31,7 bilhões (13%).

Nos 12 meses, a Vale, que perdeu R$ 183,4 bilhões no período (32%), lidera, seguida por Magalu, R$ 121,7 bilhões (89%) e Rede D’Or, R$ 80,5 bilhões (58%).

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Na outra ponta, o destaque nos dois períodos foi a Eletrobras, privatizada no mês passado, que ganhou R$ 33,7 bilhões (94%) em seis meses e R$ 49,2 bilhões (50%) em 12 meses. Foi seguida por Banco do Brasil e Itaú Unibanco no semestre e Telefônica Brasil e Companhia de Distribuição de Gás do Rio de Janeiro (CEG) nos 12 meses.

Das 316 companhias, 70 (ou 22%) aumentaram o valor em seis meses e apenas 41 (13%) desde junho de 2021.

Esse balanço desolador tem como pano de fundo um momento de crise sem igual nas últimas décadas nos mercados de capitais no mundo.

A começar pelos Estados Unidos, foram simplesmente os piores seis primeiros meses desde 1970 do índice S&P 500, o que agrupa as maiores empresas da Bolsa de Nova York, uma queda de 20,6%. O índice das empresas de menor porte, o Russell 2000, caiu 24%, o pior desempenho desde a sua criação, em 1984. E o índice Nasdaq, das ações de tecnologia, recuou quase 30%, o que nunca havia acontecido desde sua criação, em 1971.

A expectativa de uma inflação mais alta, agora que a disparada dos preços foi “reconhecida” pelo banco central americano, o Fed, acelerou essa fuga das bolsas. A situação delicada da economia desde o início do ano com os gargalos de produção por causa da retomada pós-pandemia, um problema acirrado pela guerra na Ucrânia, desembocou agora na antessala de uma recessão global. O remédio amargo dos juros mais altos para combater o avanço dos preços tem como consequência a busca de “ativos de segurança” como títulos do governo, o que é péssimo para o mercado de ações.

O mercado brasileiro, que andou por um período na contramão das quedas no exterior, perdeu o impulso das commodities, o principal motor da bolsa — Petrobras e Vale se revezam nas primeiras posições do ranking. O petróleo recuou em junho, com os receios de menor consumo, e minério de ferro praticamente zerou os ganhos acumulados em 2022.

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