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Encarregado da Ucrânia pede que Brasil ‘corte relações comerciais’ com Rússia
Horas após o Brasil e outros 140 países aprovarem a resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) condenando a invasão da Rússia à Ucrânia, o encarregado de negócios da Ucrânia no Brasil, Anatoliy Tkach, agradeceu hoje a posição do país em apoiar a medida, mas voltou a cobrar que o governo brasileiro amplie a pressão sobre a Rússia e corte relações comerciais com a nação liderada por Vladimir Putin.
“Estamos em negociações com o Brasil sobre a ajuda humanitária. Gostaríamos de mais pressão sobre a Rússia, que [o Brasil] cortasse relações comerciais com o país. As empresas internacionais já estão cortando essa cooperação, como a Netflix e BMW, que já não operam mais na Rússia”, disse o representante ucraniano. “Se não for [um corte de relações comerciais] a nível estatal, que seja feito pelas empresas brasileiras”, acrescentou.
Ele rechaçou as articulações de uma ala do governo brasileiro, que queria que o país defendesse uma “condenação soft” da Rússia e que a resolução da Assembleia da ONU não isolasse Putin completamente para não inflamar ainda mais o confronto entre russos e ucranianos.
“Inflamar a situação? Inflamar a guerra? Mais de dois mil civis já morreram. O que poderia inflamar mais? Nós já estamos em guerra. Nossas cidades estão sofrendo bombardeios. São 80 ataques contra hospitais, jardins de infância, orfanatos e universidades”.
Ao comentar posição do presidente Jair Bolsonaro de manter neutralidade na disputa para evitar dificuldades na importação de fertilizantes que venham da Rússia e de Belarus, Tkach destacou que vários países estão fazendo sua parte para chegar a um desfecho pacífico e restabelecer a segurança mundial.
“Eu entendo que cada país parceiro no mundo, ao impor sanções à Rússia, está pagando um preço, está sofrendo perdas econômicas. Mas essas perdas econômicas, os países estão sofrendo para garantir a estabilidade e o sistema de segurança mundial, que agora está muito enfraquecido”, disse o encarregado de negócios da Ucrânia no Brasil.
Sobre a medida prometida por Bolsonaro de concessão de vistos humanitários para ucranianos que queiram vir para o Brasil, ele disse aguardar a publicação da portaria pelo governo brasileiro. “Temos ativistas prontos para receber refugiados ucranianos em sua casa aqui no Brasil. Concessões de vistos humanitários é uma iniciativa muito importante do Brasil”.
A jornalistas, Tkach afirmou que a Ucrânia já conta com o apoio de 86 Estados e de 15 organizações internacionais. Na avaliação dele, é preciso novas sanções contra o governo russo, o que já está sendo preparado pela União Europeia.
Na entrevista, o representante ucraniano disse que as tropas russas estão desmoralizadas, considerando que boa parte dos soldados está se rendendo ou se recusando a continuar com os ataques contra o território ucraniano.
Ele pontuou que não há discriminação de raça ou de nacionalidade para quem queira deixar a Ucrânia pelas fronteiras e que todos estão comprometidos com a igualdade de tratamento. O rumor de discriminação teria sido alimentado, segundo Tkach, “pela propaganda russa, que estaria distorcendo a situação”.
Com Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico
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