Enquanto bitcoin patina, esta outra cripto famosa dobrou desde junho
Com atualização de rede, Ethereum salta 100% desde junho e supera recuperação do bitcoin
A segunda criptomoeda mais conhecida e importante no universo dos ativos digitais vem ofuscando o brilho do bitcoin nos últimos meses. Desde o preço mínimo negociado em 19 de junho, de US$ 880,93, o ethereum (ETH), token nativo da rede blockchain Ethereum, marca impressionante 100% de valorização até o patamar atual de negociação, em US$ 1.700, mesmo com as quedas dos últimos dias. A recuperação passa longe da apresentada pelo bitcoin (BTC) no mesmo período, que subiu 30% desde a mínima de US$ 17.601 em junho, conforme notou o site de notícias norte-americano CNBC.
O descompasso entre as duas criptos mais importantes do mercado é justificado não pelas condições macroeconômicas que vem dando o tom dos negócios de criptoativos em 2022 — cada vez mais correlacionados com o mercado acionário —, mas com um fato específico do setor: o chamado “The Merge” (A Fusão) da rede Ethereum.
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A alta da valorização do ethereum acompanha as expectativas dos investidores sobre o sucesso e benefícios que o processo de atualização da blockchain, programada para acontecer entre 15 e 19 de setembro, poderão trazer ao ecossistema de finanças decentralizadas (DeFi).
Artigo publicado esta semana, o Conexão DeFi, da Anbima, explica que The Merge (A Fusão) vai mudar a forma como os tokens são minerados e autenticados e reduzir em 99,95% o consumo de energia para validar e custodiar as mais de 121 milhões de ethereum (ETH) em circulação, atualmente, e as novas, além de aumentar a segurança e a velocidade das transações realizadas na rede.
A mudança se dará no chamado algoritmo de consenso. A rede Ethereum, até o momento, utiliza o mecanismo de prova de trabalho (Proof-of-Work, ou PoW), o mesmo do bitcoin. O PoW exige que os mineradores usem poder computacional para competir na resolução de problemas matemáticos complexos, por isso o alto consumo de energia. O minerador que resolve primeiro a equação ganha o direito de “validar” um bloco na cadeia e recebe como recompensa 2 ethereum para cada bloco verificado.
Com o Merge, a rede Ethereum vai mudar o algoritmo para prova de participação (Proof-of-stake, ou PoS), pelo qual novos blocos são gerados por quem já possui a criptomoeda. Os mineradores “depositarão” um mínimo de 32 ethereum para entrar em um “sorteio” que dá direito de verificar o próximo bloco e receber a recompensa. “Mais ou menos como um bilhete de loteria, sendo que cada ETH é um número”, ilustra o texto do artigo. “O PoS troca a força bruta computacional pelo capital do minerador, daí a redução drástica do consumo de energia.”
“Uma blockchain que se apresenta como eficiente em termos de energia sempre capturará a imaginação das massas e é por isso que o ethereum tem o vento em suas velas antes da fusão”, disse Antoni Trenchev, cofundador da plataforma de negociação de criptomoedas Nexo, à CNBC por e-mail.
A Coinbase, umas das principais exchanges de criptoativos do mundo, informou que suspenderá as transações com ethereum no período de atualização de sua rede. “A comunidade segue atenta para o processo que tem data marcada para 15 de setembro”, afirma Guilherme Martins, analista da Titanium Asset Management. “Apesar de alguns atrasos já terem sido recebidos de forma negativa pelos investidores, os últimos testes foram finalizados sem grandes problemas.”
Segundo Martins, outras exchanges devem tomar a mesma atitude da Coinbase como medida de precaução, assim a transição refletirá com sucesso aos sistemas de negociação. “Após a transição se espera um token com maior escalabilidade, menor consumo energético, entre outros pontos positivos que podem impulsionar o ativo a uma recuperação mais contundente”, avalia.
Bitcoin ainda é dominante
Apesar da visibilidade maior do ethereum nos últimos dias, o bitcoin segue isolado como a criptomoeda de maior valor de mercado e maior giro de negócios. De acordo com dados do site CoinMarketCap, há cerca de US$ 1 trilhão em ativos digitais em circulação atualmente, sendo US$ 409 bilhões em bitcoin, uma fatia de quase 40%. O ethereum ocupa a segunda posição pelo critério de valor de mercado, com US$ 208 bilhões, ou 20% de todo o mercado cripto.
O menor índice de “dominância do bitcoin” se deu em janeiro de 2018, quando sua fatia sobre o total chegou a 32%. Já no caso do ethereum, seu recorde de participação ocorreu em junho de 2017, quando a fatia sobre o valor de mercado do mundo cripto atingiu 28%.