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Especialistas veem inflação alta por três anos nos EUA
Uma revisão dos dados econômicos dos Estados Unidos para o primeiro trimestre de 2022 mostrou uma queda ainda maior no produto interno bruto do país (PIB), com a retração saindo de 1,4% para 1,5%. A revisão também mostrou que no quarto trimestre de 2021, o PIB dos EUA cresceu 6,9% na taxa anualizada.
Em relação aos preços, o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) ficou em 7,0% entre janeiro e março de 2022, repetindo a alta apontada na primeira prévia e ante aumento de 6,4% registrado ao final de 2021. Já o núcleo do PCE, que exclui preços mais voláteis de alimentação e energia, subiu 5,1% na estimativa divulgada hoje.
O cenário de inflação alta com crescimento baixo ligou o sinal de alerta no mercado, que começa a tentar prever o futuro da economia americana – e os movimentos do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) para tentar reverter a situação.
Apesar de o Fed já ter elevado a taxa de juros dos EUA ao maior patamar em 22 anos, a persistência da inflação com os dados piores do que o esperado para o crescimento da economia faz com que analistas acreditem que a situação levará alguns anos para se estabilizar.
“Analistas acham que a alta da inflação atual não vai sumir nos próximos doze meses, mas deixará de ser realidade nos próximos três anos e não vai além disso”, disseram economistas do Fed de Nova York através do blog Liberty Street Economics. “A quantidade de analistas que esperam inflação alta daqui há cinco anos é menor do que aqueles que acham que a pressão inflacionária vai arrefecer no curto ou médio prazo.”
As previsões do Fed de Nova York vão ao encontro de relatório de economistas da Universidade de Michigan, de que as expectativas para a inflação de longo prazo continuam estável apesar da situação atual.
A perspectiva de inflação alta por pelo menos três anos também é corroborada Kathy Bostjancic, economista chefe para os Estados Unidos da Oxford Economics, que prevê que o Fed vai manter o ritmo de aumentar a taxa de juros em 50 pontos a cada nova reunião da instituição até meados de julho, mas alerta que isso pode ter o efeito oposto na economia americana.
“Diante das pressões inflacionárias e das sinalizações de aumentos mais agressivos do Fed, achamos que eles vão subir a taxa de juros em 50 pontos nas próximas reuniões da instituição em junho e julho, mas depois diminuir o ritmo, mas continuar subindo 25 pontos a cada novo encontro”, disse Bostjancic em relatório. “Ainda esperamos que o Fed esteja manejando a economia para um pouso suave, mas a probabilidade de uma recessão está crescente. O aumento das taxas do Fed, um maior aperto fiscal, a guerra da Ucrânia e a desaceleração da economia chinesa aumentam o risco de um pouso turbulento em 2023. Avaliamos que o crescimento do PIB em 2022 deve ser de 2,5% e de 1,8% em 2023.”
Os números e o cenário internacional já provocam discussões sobre uma possível recessão americana, e segundo Neil Shearing, economista chefe do Capital Economics, a questão do momento é se a alta dos preços vai levar a recessão, o que segundo ele é algo que deve acontecer na Europa.
“Se tivermos recessão em algum lugar nos próximos trimestres, provavelmente será na Europa e deve acontecer por causa dos efeitos da inflação alta, e não por causa das medidas para tentar abaixá-la”, disse Shearing, rechaçando a ideia de que uma alta na taxa de juros pode causar recessão.
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