Estrutura de funding imobiliário cresce 10%, para R$ 2,41 tri em 2024, diz Abecip

A estrutura para financiamento imobiliário cresceu 10% em 2024, na comparação anual, chegando a R$ 2,41 trilhões, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). A entidade divulgou hoje o balanço do setor em 2024.

A estrutura corresponde à soma dos recursos da poupança (SBPE), do FGTS, dos fundos de investimento imobiliário, dos certificados de recebíveis imobiliários (CRI) e das letras emitidas pelos bancos.

Segundo Sandro Gamba, presidente da Abecip, o aumento ano a ano foi influenciado pelo avanço dos CRIs, que cresceram em termos de volume e ganharam maior participação na estrutura total. O volume do CRI cresceu 23% de 2023 pra 2024, chegando a R$ 226 bilhões. Em termos de participação, foi de 8% do funding total para 9%.

“A composição do funding mudou”, explicou ele, dando destaque aos efeitos das mudanças nas regras de emissão de títulos como CRIs e LCIs em fevereiro do ano passado.

Naquela época, o Conselho Monetário Nacional (CMN) restringiu os tipos de lastro elegíveis para as emissões dos CRI e de outros títulos incentivados, que oferecem o benefício da isenção fiscal para os investidores. A partir daí, algumas operações foram barradas, como as que eram feitas por bancos e redes de farmácia para custear o pagamento de aluguel.

O esperado, em um primeiro momento, era que o mercado encolhesse. Mas o que se viu, na prática, foi um aumento tanto em termos de número de ofertas quanto em volume captado e o avanço das operações de empresas imobiliárias — o que foi positivo para o mercado, na avaliação de Gamba.

Por outro lado, a ampliação do prazo de vencimento das LCIs de três meses para nove meses teve um impacto negativo. No ano de 2024, a LCI teve uma queda relevante devido ao aumento do prazo, afirmou Gamba.

O recuo, na comparação anual, foi de 29% para R$ 204 milhões. Segundo o presidente da Abecip, nos últimos três meses as emissões de LCIs avançaram, mas junto a isso, também aumentaram os custos de distribuição devido ao prazo maior. “Para a composição do funding, está contribuindo pouco [a LCI], considerando o custo”, disse Gamba.

“Continuamos as conversas com os stakeholders sobre esse impacto e discutindo possíveis mudanças no prazo”, disse. “A gente tem debatido soluções conjunturais, como redução do prazo de nove meses para os antigos três meses. Vai aumentar a demanda pelo LCI e reduzir o custo.”

O financiamento com recursos do FGTS avançou 29% em 2024, para R$ 126 bilhões. “2024 foi um ano recorde com os agentes financeiros entregando toda a demanda que o mercado necessitou”, disse Gamba.

Os financiamentos com recursos da poupança cresceram 22,3%, para R$ 186,7 bilhões.

Inadimplência

A inadimplência no setor de crédito imobiliário atingiu o patamar mais baixo de sua série histórica (iniciada em 2006) em 2024, chegando a 1%, de acordo com a Abecip. Em 2023, era de 1,4%. O indicador considera os contratos com mais de três prestações em atraso.

“A carteira de crédito imobiliário está saudável, chegando ao patamar mais baixo da série histórica. Isso mostra que a qualidade da carteira de crédito imobiliário é bastante positiva”, disse o presidente da Abecip, Sandro Gamba.

Projeção para 2025

O volume de financiamento de imóveis deve recuar 10% em 2025, refletindo a pressão da alta da Selic “que irá impactar a distribuição e a demanda do crédito imobiliário”, disse Gamba.

Considerando apenas o crédito com recursos da poupança, a expectativa é de uma queda em torno de 17% no volume, para a faixa de R$ 150 bilhões a R$ 160 bilhões. Mesmo com essa queda, continuará “num patamar bastante relevante”, segundo o presidente da Abecip.

O financiamento com recursos do FGTS deve apresentar um pequeno crescimento, com uma previsão de R$ 126,8 bilhões, conforme o orçamento do fundo para 2025, o que representa uma alta de 1% em relação ao ano anterior.

*Com informações do Valor Econômico

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