EUA implementam tarifas contra China, México e Canadá; líderes sobem o tom com retaliações; confira um resumo desta terça-feira

As tarifas de importação de 25% do presidente Donald Trump sobre produtos do México e do Canadá entraram em vigor nesta terça-feira (04).
O Canadá respondeu com planos de impor tarifas de 25% sobre quase US$ 100 bilhões em importações dos EUA. A presidente do México, por sua vez, disse que também irá retaliar. Claudia Sheinbaum, no entanto, deve anunciar o pacote em resposta a Trump até domingo.
Os EUA também introduziram uma tarifa extra de 10% sobre importações chinesas durante a noite de segunda-feira (03). A medida soma-se a uma taxa imposta há um mês e outras taxas existentes. No total, os produtos chineses contam hoje com uma tributação na casa de 20% nos Estados Unidos.
Tão logo Trump assinou a medida, a China divulgou ações retaliatórias sobre produtos agrícolas dos EUA. Além de outras ações contra empresas americanas.
O governo de Xi Jinping também entrou com uma ação judicial na Organização Mundial do Comércio (OMS).
Mercados reagem com temor às tarifas dos EUA
Nesta terça, o mercado brasileiro está de folga, com o feriado de carnaval. Mas, pelo mundo, os investidores reagem com temor ao recrudescimento da guerra comercial.
Nos Estados Unidos, os mercados ficaram abalados. O Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq operaram em queda toda a manhã. No final do dia, as bolsas iniciaram uma recuperação, puxadas pela NVidia. A fabricante de processadores caiu 8,7% na véspera, o maior revés para o papel desde setembro do ano passado.
No fim da tarde, contudo, a NVidia começou a se recuperar, puxando junto as demais empresas que integram o ETF Magnificent Seven, da Roundhill. O fundo contém as sete empresas de tecnologia que ditam as cartas no S&P 500 ultimamente. Mas a melhora não foi suficiente para tirar as bolsas de Nova York do campo negativo.
O ouro, entretanto, subiu. A commodity tende a se valorizar em momentos de incerteza.
O mercado asiático, ademais, fechou em queda. E, na Europa, os investidores demonstram preocupação. Embora o rali das ações de empresas de defesa tenha dado algum alento aos investidores, as bolsas europeias fecharam em queda.
Os impactos no dólar canadense e no peso mexicano, entretanto, foram relativamente modestos. A percepção do mercado, apontou o The Wall Street Journal, é de que a parte mais pesada das tarifas terá vida curta.
Carnificina de bitcoin e autcoins
No mercado de criptomoedas, a terça-feira foi de uma verdadeira carnificina. As principais moedas digitais, que vinham se valorizando bem desde domingo, quando Trump anunciou seus ativos prediletos para comporem a reserva de valor em cripto, sangraram forte.
O bitcoin, ativo de referência do setor, chegou a cair quase 10%, negociado abaixo de US$ 82 mil. Depois, pegou carona na melhora das empresas de tecnologia e apagou boa parte das perdas.
O ethereum tomou mesmo caminho. Em seu pior momento do dia, a queda foi de mais de 11%, aos US$ 2 mil. O mesmo se repete com todas as autcoins.
A memecoin Trump, que pode ser avaliada como um token para o índice de percepção do mercado com Donald Trump, caiu quase 20%, valendo pouco mais do que US$ 12.
Ameaça ou oportunidade para o Brasil
No sábado, o governo de Donald Trump assinou uma ordem executiva que abre uma investigação com possibilidade elevar tarifas sobre produtos de madeira, incluindo assim madeira serrada e seus derivados.
Segundo produtores brasileiros, tarifas sobre esse setor podem impactar fornecedores locais, num movimento semelhante com o que atingiu mercados de aço e alumínio, recentemente.
No final do dia, circulava pelos grupos de traders do mercado análises anônimas e que a retaliação chinesa aos Estados Unidos, que taxa entre outros produtos a soja, deve impactar positivamente no Brasil.
Mais tarde, a economista Ágathe Demarais, pesquisadora sênior do Conselho Europeu de Relações Exteriores, publicava no X, ex-Twitter, uma avaliação na mesma direção.
Segundo Demarais, “Trump 2.0 pode alimentar ainda mais o crescimento do laços comerciais entre Brasil e China”.
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