Expectativa puxou confiança do consumidor em setembro, mas manutenção do otimismo é dúvida, diz FGV
Mesmo com expectativas em alta e com perspectivas positivas para consumo, nos próximos meses, o cenário para a economia em 2023 será 'desafiador', diz FGV
A manutenção do otimismo entre os consumidores, apurada pelo aumento de 5,4 pontos no Índice de Confiança do Consumidor (ICC) em setembro, para 89 pontos, maior nível desde janeiro de 2020 (90,4 pontos), é dúvida em horizonte de longo prazo. A afirmação partiu da economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), e coordenadora das sondagens da fundação, Viviane Seda.
Ela comentou que mesmo com expectativas em alta e com perspectivas positivas para consumo, nos próximos meses, o cenário para a economia em 2023 será “desafiador”. Isso na prática põe em dúvida a manutenção de aumentos expressivos no ICC, em horizonte de longo prazo.
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“Teremos um cenário econômico desafiador para o próximo governo, com possível política fiscal restrita, e possibilidade de desaceleração econômica mundial” afirmou.
Ao detalhar a evolução da trajetória do ICC de agosto para setembro, a técnica ressaltou o impacto das expectativas em alta, na formação do aumento do indicador, no mês. Nos dois sub-indicadores componentes usados para cálculo do ICC, o Índice de Situação Atual (ISA) subiu 1,6 ponto, para 73,3 pontos, em setembro ante agosto; mas o Índice de Expectativas (IE) avançou 7,6 pontos, para 100,2 pontos. “Esse aumento de expectativas foi o maior desde agosto de 2020, que foi de 12,3 pontos”, disse.
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A técnica explicou que há grande expectativa, por parte do consumidor, por um cenário de inflação mais baixa nos próximos meses – o que abre margem, no orçamento doméstico. Ao mesmo tempo, os recentes sinais de melhora no emprego também indicam para o brasileiro boa perspectiva na renda originada do trabalho, com esperanças de continuidade, em boa performance na abertura de vagas.
Esses fatores impulsionaram o indicador situação financeira nos próximos seis meses, que passou para 100,8 pontos, maior nível desde janeiro de 2020 (81,7 pontos), com aumento de 10,4 pontos em setembro ante agosto maior elevação desde novembro de 2018 (12,7 pontos).
A proximidade das eleições também ajudou tornar as expectativas de situação financeira futura mais positivas, notou a especialista. Ela comentou que, normalmente com a chegada de mais uma gestão, seja de reeleição ou de troca de governo, há uma esperança, na mente do brasileiro, de um cenário melhor para economia e, por consequência, para as finanças familiares. “Não é à toa que a alta no indicador de situação financeira foi a mais intensa desde 2018”, disse, ao lembrar que aquele ano também foi de pleito presidencial.
Mas notou que as eleições ainda não estão definidas, e reiterou que não há como saber como será o ambiente macroeconômico de 2023. “Não tem como dizer que essa confiança vai continuar a melhorar [em horizonte de longo prazo]”, comentou.