Fed deve manter aperto monetário após desaceleração da inflação?

Bancos avaliam o efeito do alívio nos preços nos EUA

Telão durante pregão da Bolsa de NY (NYSE) mostra discurso de Jerome Powell, presidente do Fed. Foto: Reuters/Andrew Kelly
Telão durante pregão da Bolsa de NY (NYSE) mostra discurso de Jerome Powell, presidente do Fed. Foto: Reuters/Andrew Kelly

O Federal Reserve (Fed) deve elevar a taxa de juros pela terceira vez consecutiva a 0,75 ponto percentual apesar da inflação ter desacelerado, segundo o banco alemão Commerzbank, em relatório.

Apesar da queda da inflação nos Estados Unidos, o banco central americano quer ter certeza que a onda inflacionária foi controlada e quer ver vários meses de quedas na inflação antes de desacelerar seu movimento de alta de juros, segundo as próprias afirmações do presidente do Fed, Jerome Powell, informa o Commerzbank.

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O CPI dos EUA registrou alta de 8,5% na base anual em julho, abaixo do consenso projetado por economistas consultados pelo jornal “The Wall Street Journal”, que haviam previsto uma alta de 8,7%. Em junho, o indicador contabilizou 9,1%.

Na base mensal, o índice de preços ao consumidor registrou variação zero enquanto as projeções indicavam uma alta de 0,2%. O núcleo do CPI teve alta de 5,9% em base anual, também abaixo do consenso de 6,1%, enquanto a variação mensal do núcleo subiu 0,3%, abaixo das previsões de 0,5%.

“É importante lembrar que há outro relatório de empregos e outro relatório de inflação antes da reunião do Fed de 21 de setembro. Mas a inflação continua longe da meta, a economia criou mais de meio milhão de empregos no mês passado e o PIB do terceiro trimestre deve se recuperar com base nos dados do movimento do consumidor”, afirmou o banco holandês ING. “Na nossa avaliação, a chance de uma alta de 0,75 ponto percentual na próxima reunião de política monetária continua alta”.

Primeiro sinal positivo

O presidente do Federal Reserve (Fed) da distrital de Chicago, Charles Evans, disse em evento na Drake University, em Iowa, nesta quarta-feira (10) que o indicador de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de julho dos Estados Unidos mostrou hoje um primeiro bom relatório. “8,5% é um número enorme, não tem como alguém ficar feliz com isso, mas é algo melhor do que a última leitura”, disse Evans.

O chefe do Fed de Chicago disse durante o evento que para garantir que a inflação muito elevada seja controlada, ele espera que as taxas de juros sejam elevadas neste e também no próximo ano. Ele disse esperar que o núcleo do PCE (índice que mede os preços gastos com consumo) deve se aproximar a 2,5% no ano que vem.

Evans salientou que não vê um cenário de recessão, ainda que a economia esteja mais frágil. Além disso, ele afirmou que o mercado de trabalho continua robusto, dando sinais de que a economia segue forte. “Devemos ver um crescimento na atividade no segundo trimestre [deste ano]”, afirmou ao contrapor a ideia de uma recessão com um mercado de trabalho resiliente, com geração de mais de 500 mil vagas no último mês.

Na avaliação de Evans, a taxa dos Fed funds no fim deste ano deve ficar em torno de 3,25%-3,75%, enquanto no fim do ano que vem deve estar em 3,75% e 4%. “Acredito que as taxas dos Fed funds cheguem a 4%”, afirmou.

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