Fed aumenta juros dos EUA para maior nível em 15 anos e não deve baixar antes de 2024
Banco Central americano busca levar inflação, atualmente perto de 7% ao ano, para meta de 2% ao ano
O Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) anunciou na tarde desta quarta-feira (14) um aumento de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros dos Estados Unidos, para o intervalo 4,25%-4,5% ao ano. É o maior nível desde dezembro de 2007, ano que antecedeu a crise financeira global provocada pelo calote nas hipotecas “subprime”.
Depois de quatro aumentos consecutivos de 0,75 p., a previsão dos investidores era justamente de diminuição do ritmo de alta – expectativa reforçada, na terça (13), pela divulgação do índice de inflação ao consumidor americano. Segundo o Departamento do Trabalho dos EUA, os preços subiram 0,1% em novembro em relação ao mês anterior e 7,1% no acumulado de 12 meses, quando as estimativas eram de aumentos de 0,3% e 7,3%, respectivamente.
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Mas ainda não é o momento de relaxar. O Fed manteve o tom duro ao comentar sua decisão, dizendo, em comunicado, que estima que os juros ainda cheguem em 5%-5,25% ao ano antes de cair e que não vê reduções até 2024. Para atingir a meta, além de forçar o desaquecimento da economia com a elevação dos juros, a autoridade monetária americana precisa administrar as expectativas da população. Os agentes econômicos (consumidores, empresas, mercado financeiro) têm que acreditar que a inflação vai recuar, daí a necessidade de ser rígido.
“A experiência histórica alerta fortemente contra afrouxar a política monetária prematuramente. Não vejo o comitê considerando cortes das taxas até estar confiante de que a inflação está caindo para o nível de 2% de uma forma sustentável”, disse Jerome Powell, presidente do Fed, em entrevista coletiva à imprensa após o anúncio do aumento dos juros.
Mesmo com os fortes aumentos de juros nos últimos meses, os juros ainda não estão altos o suficiente para conseguir domar as elevações de preços, segundo Powell. “Por isso dizemos esperar que mais aumentos sejam necessários”, afirmou.
A próxima reunião do Fed será em fevereiro, mas o presidente disse que ainda não sabe se o próximo aumento dos juros será de 0,5 p.p. ou de 0,75 p.p. – depende de a inflação seguir em queda.
Reação negativa
O aumento dos juros torna as aplicações em renda fixa mais intressantes do que as alternativas de maior risco, como as ações de empresas negociadas na Bolsa de Valores. Sendo nos EUA, o país tido como mais seguro do mundo, essa elevação acaba atraindo investidores de toda parte, os quais tiram seu dinheiro de mercados emergentes como o Brasil. Assim, o dólar se valoriza ante o real e o Banco Central brasileiro tem que manter os juros altos para tentar convencer os esgtrangeiros a ficar no país.
No entanto, o mercado acionário americano reagiu mal à decisão do Fed. Embora o aumento de 0,5 p.p. e até o discurso mais duro do comitê fossem esperados, a perspectiva de que os juros não voltem a cair até 2024 desanimou os investidores na renda variável. Com a taxa alta, a economia deve continuar desacelerando, o que é ruim para as empresas, inclusive as que têm ações negociadas na Bolsa. Não é possível prever o tamanho dessa desaceleração ainda, segundo Powell. “Ninguém sabe se teremos uma recessão ou não. E, se tivermos, se será profunda ou não também não dá para saber”, disse.
O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, terminou o dia em baixa de 0,42%, enquanto o S&P 500 recuou 0,61% e a Nasdaq, a Bolsa de empresas de tecnologia – vistas como ainda mais arriscadas –, perdeu 0,76%.