Relaxar ou apertar mais? Diretores do Fed divergem sobre rumo dos juros nos EUA
Christopher Waller e Michelle Bowman apontam perspectivas diferentes sobre o desafio de derrubar a inflação à meta de 2%
O diretor do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) Christopher Waller afirmou nesta terça-feira (28) que se sente encorajado pelos primeiros sinais de moderação da atividade econômica nos Estados Unidos, e que a política monetária parece estar em posição para retornar a inflação à meta de 2%.
Em evento do Instituto Empresarial Americano, o dirigente disse que existem bons argumentos econômicos para que, se os preços ao consumidor continuarem caindo durante mais alguns meses, o Fed poderá reduzir as taxas de juros, que não teriam razão de ficarem altas por tanto tempo.
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“Política monetária está claramente contribuindo para a rápida melhoria da inflação”, afirmou.
Segundo Waller, os gastos do consumidor estão desacelerando, e há um grande aumento da oferta no mercado de trabalho.
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Entre os fatores contribuindo para menor aperto nos empregos estão o aumento da imigração e o retorno de mulheres ao mercado, apontou. De acordo com o dirigente, algumas coisas impulsionaram um forte crescimento no terceiro trimestre, o que não deve seguir, havendo moderação da atividade no país.
“Os dados de outubro indicaram um abrandamento da atividade e as previsões para o quarto trimestre mostram o tipo de moderação que está mais em sintonia com os progressos na redução da inflação”, apontou Waller.
Por sua vez, ele ponderou, e afirmou que a inflação ainda é elevada, e é muito cedo para dizer se a desaceleração que estamos observando será sustentado. “Esperamos que os dados que recebermos nos próximos meses ajudem a responder a essa pergunta”, indicou.
Sobre um pouso suave, Waller acredita que ainda pode haver um choque que tire a economia do curso, mas isso não pode ser previsto. Em sua visão, sobre o mercado de imóveis comerciais, haverá uma reavaliação, mas que será bem antecipada e não um “choque”.
Segundo o dirigente ainda, confiar no crescimento da produtividade para política monetária parece ser prematuro.
Mais alta dos juros
Já a diretora do Federal Reserve Michelle Bowman reforçou a expectativa de que o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) tenha que voltar a subir juros no ciclo atual para assegurar o retorno sustentado da inflação à meta de 2% nos EUA.
A previsão contraria as apostas vigentes no mercado e entre outros dirigentes da autoridade monetária.
Em discurso, Michelle Bowman reconheceu a desaceleração recente dos preços, mas alertou que os progressos têm sido desiguais.
“Não está claro se melhorias adicionais do lado da oferta continuarão a reduzir a inflação”, afirmou ela, que chamou atenção para a contínua resiliência da maior economia do planeta, bem como do nível de emprego.
A dirigente também alertou para riscos de que o encarecimento da energia reverte os avanços no processo de retomada de contenção inflacionária.
Segundo ela, os ganhos na participação da força de trabalho ainda podem ficar limitados à frente. Enquanto há risco de que perdas na educação associadas à pandemia reduzam a produtividade dos americanos.
Para ela, também é possível que os juros tenham que ficar estruturalmente mais elevados do que antes da pandemia. De qualquer forma, Bowman garante que não vê a política monetária em curso predefinido.
“Continuarei a acompanhar de perto os dados recebidos enquanto avalio as implicações para as perspectivas econômicas e a trajetória adequada da política monetária”, disse ela, que advertiu para os riscos declarar vitória prematura contra a inflação.
Com informações do Estadão Conteúdo