Fed não deve reduzir ritmo de alta de juros, avalia J.P. Morgan

Analistas do banco apontam que a resiliência do mercado de trabalho pode levar a um aperto monetário acima do previsto

O prédio do U.S. Federal Reserve Building em Washington, D.C. - Foto: Reuters
O prédio do U.S. Federal Reserve Building em Washington, D.C. - Foto: Reuters

A resiliência dos mercados de trabalho dos Estados Unidos e da Europa pode levar o Federal Reserve (Fed) e o Banco Central Europeu (BCE) a realizar um aperto monetário mais forte que o previsto, elevando a taxa terminal acima de 5% nos EUA e além de 2,5% na Europa. A avaliação é da equipe de economistas de política monetária do banco J.P. Morgan, Bruce Kasman, Joseph Lupton e Michael Hanson.

Segundo os economistas, os sinais de arrefecimento da inflação em outubro nos EUA e em novembro na zona do euro apoiam a redução do ritmo de altas dos juros para 0,50 ponto percentual nos encontros do comitê de política monetária que serão realizados este mês – dia 14 pelo Fed e dia 15 pelo BCE – já sinalizado também pelo presidente do Fed, Jerome Powell.

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Para o banco, Powell ligou esta redução no ritmo ao fim do ciclo de alta ao sugerir, em seus comentários, que “faz sentido moderar o ritmo de nossas altas à medida que nos aproximamos do nível de restrição suficiente para derrubar a inflação”, o que criou expectativas no mercado de que o Fed estaria perto de uma pausa, provocando um afrouxamento nas condições financeiras. Desde então, o rendimento dos títulos do Tesouro de 10 e 30 anos assim como as taxas de hipoteca recuaram.

“Entretanto, nós acreditamos que uma pausa na alta de juros pelo Fed ou BCE exigirá mais que uma queda na inflação. Para que qualquer dos bancos centrais esteja confortável de que a política está suficiente restritiva para ser pausada, eles também precisam ver evidências de afrouxamento nos mercados de trabalho e na alta dos salários”, afirmam os economistas, em relatório.

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Segundo eles, o Fed e o BCE também precisam estar confiantes de que tanto as expectativas de inflação de curto e de médio prazo estão bem ancoradas para conter o repasse do recente pico da inflação para os salários. Tanto nos EUA como na zona do euro, “a alta dos salários e o mercado de trabalho seguem desconfortavelmente elevados, o que foi reforçado pelo relatório de emprego americano, o payroll, de novembro”, diz o J.P.Morgan, para quem as medidas de expectativa inflacionária de curto prazo também permanecem elevados.

Os economistas ressaltam que, para o BCE, existe o agravante que, sem uma contração sustentada do PIB, os juros não estão ainda em níveis geralmente considerados restritivos para a demanda. “A combinação de resiliência do mercado de trabalho com uma inflação de salários resistente eleva o risco do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Fed entregue uma previsão de taxa de juros maior que 5% na próxima reunião”, afirmam.

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