Fertilizante dispara, eleva custo no campo e pressiona inflação

Especialistas afirmam que o maior problema é o potássio, já que dois dos três maiores fornecedores globais do produto, Rússia e Belarus, estão com suas exportações bloqueadas

A forte alta nos preços dos fertilizantes aumenta os custos da produção agrícola no país, o que vai pressionar ainda mais a inflação dos alimentos. Esse movimento deve reduzir a adubação e afetar a produtividade nas lavouras, ainda que as áreas plantadas com culturas como grãos e cana não devam diminuir. Com a eclosão da guerra entre Rússia e Ucrânia, os preços dos nutrientes, que já vinham subindo desde o ano passado, dispararam.

O maior problema é o potássio, destacam especialistas, lembrando que dois dos três maiores fornecedores globais do produto, Rússia e Belarus, estão com suas exportações bloqueadas. Embora isso não deva prejudicar a semeadura, haverá efeito importante no custo. Os fertilizantes costumam responder por cerca de 30% do custo dos produtores de grãos, segundo a consultoria StoneX. Com as altas significativas desde ano passado, o percentual já ronda os 40%, reduzindo as margens do setor.

Agricultores menos capitalizados podem optar por reduzir a aplicação de adubos nas plantações, mesmo que o quadro de escassez não se aprofunde. Isso tende a diminuir a produtividade e, com isso, levar a colheitas menores.

Num cenário de preços que oscilam muito, a tensão cresceu nesta semana, após as novas sanções à Rússia anunciadas na terça-feira por Estados Unidos e União Europeia, envolvendo desde a redução até a proibição da compra de gás natural russo. Isso pressionou o segmento de fertilizantes nitrogenados, que têm a commodity como matéria-prima. No Brasil, a dependência de fornecedores externos supera 96% em nitrogenados e potássio.

Com as sanções ao gás russo, o comportamento dos preços da ureia tem sido como o de um “cavalo empinado”, na definição de Marcelo Mello, diretor de fertilizantes da StoneX. Desde 24 de fevereiro – quando a Rússia invadiu a Ucrânia-, o nutriente já subiu 50%. Na terça-feira, estava perto do teto histórico de US$ 900 dólares por tonelada, alcançado apenas em duas ocasiões: no fim de 2021 e, antes disso, em 2008.

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