Foi Davos do Trump 2.0, afirma economista-chefe do Itaú, que participou do Fórum Econômico Mundial
Especialista notou otimismo com o novo presidente entre empresários norte-americanos, mas cautela entre os demais participantes do encontro.

Donald Trump não esteve em Davos, na Suíça. Não participou do recente Fórum Econômico Mundial. No encontro, falou-se muito sobre inteligência artificial, transição energética e sobre a guerra que ainda persiste em continente europeu. Mas falou-se o tempo todo, mesmo, de Trump e seu novo mandato como presidente dos Estados Unidos.
“O grande tema, apesar de não ser explícito, foi é claro a transição de governo dos Estados Unidos. Acho que foi um tema que ficou quase que na transversal em todos os painéis. Na grande maioria dos painéis ele acabou sendo mencionado”, analisa Mario Mesquita. O economista-chefe do Itaú Unibanco falou com a Inteligência Financeira sobre o que ocorreu de mais importante no Fórum a partir da Europa.
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“Eu diria que esse o foi Davos, apesar de o Trump não ter comparecido fisicamente, foi o Davos do Trump 2.0”, concluiu o economista.
Trump se faz ouvir na Suíça
O novo presidente dos Estados Unidos não foi à Suíça. Mas por meio de um vídeo exibido no encontro, Trump se fez ouvir por todo vilarejo de Davos. “Exigirei que as taxas de juros caiam imediatamente”, disse o novo presidente norte-americano. Não citou o Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano), mas passou seu recado.
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Lá como cá no Brasil, vale lembrar, o presidente da vez não tem qualquer autoridade estatutária para fazer valer o seu desejo. Mas a fala coloca pressão sob os ombros de Jerome Powell às vésperas de mais uma decisão da autoridade monetária norte-americana.
Na última reunião, em dezembro de 2024, o Fed fez um pequeno corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica dos Estados Unidos, que passou a operar no intervalo entre 4,25% e 4,50% ao ano.
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Análise sobre os juros nos Estados Unidos
Assim, de acordo com Mario Mesquita, os Estados Unidos vivem escassez de mão de obra em alguns setores. Se ocorrer a deportação em massa prometida por Trump, isso causará choque negativo de oferta de trabalho. A consequência para o especialista será inflacionária.
“A aplicação de tarifas vai deslocar o nível de preços, mas ela pode ter efeitos secundários inflacionários também. Não à toa o mercado deixou de esperar cortes de juros nos Estados Unidos. E eu acho que o risco para a política monetária nos Estados Unidos é simétrico. Os juros tanto podem voltar a cair como podem ter que subir”, analisa Mesquita.
Balança pesa a favor ou contra Trump?
Questionado a respeito, sobre se as discussões em Davos em torno de Trump tendiam para o lado positivo ou negativo, Mario Mesquita indicou que os empresários e empreendedores norte-americanos estão otimistas. Sobretudo com a agenda de desregulamentação prometida pelo novo presidente. E pelos cortes de impostos prometidos.
“O resto do mundo (é) muito mais cauteloso. Cauteloso por essa incerteza a respeito das tarifas, pelo fato das tarifas serem usadas como um instrumento de pressão para outros fins que não comerciais”, analisa Mario Mesquita para então encerrar: “No caso da tarifa sobre México e Canadá tem a ver com controle de fronteira, não tem a ver com comércio especificamente”.