Fusões e aquisições no Brasil caem 43% em 2022; expectativa para este ano é manter o número baixo de transações

O volume de fusões e aquisições no Brasil recuou 43% no ano passado na comparação com 2021, para US$ 28 bilhões, segundo pesquisa da Bain & Company

Negócios na Bolsa de Valores. Foto: Divulgação/B3
Negócios na Bolsa de Valores. Foto: Divulgação/B3

Há dois anos, as operações de fusões e aquisições (M&A na sigla em inglês) no país alcançaram US$ 66 bilhões. “Os quase US$ 30 bilhões captados em 2022 representam uma volta aos volumes pré-covid-19. No mundo todo, o M&A recuou em patamares semelhantes ao visto no Brasil devido a fatores similares, como inflação, alta de taxas de juros e percepção de instabilidade global, o que leva a postergamento de decisões de investimento.”

Para este ano, a expectativa é de manutenção do ritmo de 2022, de acordo com o especialista. “Imagino o ano de 2023 como morno do ponto de volume de M&A, provavelmente mantendo o nível mais perto da média pré-pandemia”, afirma Frota.

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Baixo de investimento estrangeiro nas operações de M&A

Os dados mostram ainda a manutenção de um patamar historicamente baixo de investimento estrangeiro nas operações de M&A no país. Em 2019, 67% dos negócios do país foram alimentados por capital externo. A pesquisa da Bain indica que essa parcela caiu para 25% no ano passado. Ainda assim, o percentual representou uma elevação frente aos 17% de 2021.

“Apesar de o investimento direto no Brasil estar em bons níveis, no caso do M&A o interesse estrangeiro está patinando”, afirma. “Já tivemos lá atrás interesse internacional muito maior para ativos brasileiros e isso minguou.”

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Conforme o sócio da Bain, atualmente, “a questão da taxa de juros elevada e a instabilidade política e econômica pesam bastante”. Ainda assim, a economista-chefe global da consultoria, Karen Harris, cita haver um certo otimismo em relação ao Brasil no médio prazo, do ponto de vista geopolítico. “Nosso mercado, apesar de ter essas instabilidades políticas, é mais estável do ponto de vista de grandes barreiras geopolíticas, além de se beneficiar de uma proximidade geográfica com mercados ocidentais.”

Efeito do cenário macroeconômico no país

No curto prazo, porém, o cenário macroeconômico no país e as incertezas que ainda pairam sobre os rumos da agenda econômica do novo governo tendem a manter as empresas e investidores no modo cautela por uma boa parte do ano. “Em momento de volatilidade, a melhor opção é sistematicamente traçar planos para os diversos cenários que podem ocorrer”, aponta o sócio da Bain. “Mas há um grande número de perspectivas para a economia brasileira daqui para a frente, passadas as eleições”, diz.

De acordo com o sócio da Bain Felipe Cammarata, uma eventual aceleração dos M&As vai depender dos rumos econômicos e de política monetária. “Se houver sinalização e perspectiva consolidada sobre um ciclo de redução da taxa de juros, isso seria positivo para destravar decisões de investimento”, afirma. “A própria reforma tributária também pode ser bem vista por investidores”, acrescenta.

Conforme o especialista, para o capital estrangeiro voltar a atuar com mais intensidade nas fusões e aquisições no país, é preciso ter um horizonte macroeconômico mais assertivo e previsível. “O que acaba pesando é a questão de como está o país na macroeconomia. A própria incerteza política acaba tendo efeito macro. [O que os estrangeiros ponderam] é o rumo da inflação, juros, poder de compra da população, endividamento do governo, crescimento da economia e assim por diante. São os fatores relevantes na hora de decidir se o dinheiro deveria vir ao Brasil ou ser levado a outros lugares.”

Perfil das transações

A pesquisa também mostra que, em relação ao perfil das transações, 79% dos negócios foram acordos que a Bain classifica como de “escala”, ou seja, aqueles em que uma empresa comprou um fornecedor, cliente ou parceiro para controlar melhor a cadeia de valor, enquanto 21% representaram os acordos de “escopo”, nos quais uma companhia adquire outra de modelo e operação complementar, com uma visão mais estratégica.

Apesar do percentual ainda baixo, a pesquisa mostra um crescimento significativo do perfil de M&A de “escopo” entre 2019 e 2022. Há quatro ano, os acordos do gênero representaram apenas 5% das transações, enquanto a média global alcança 50%. Um exemplo de aquisição de escopo foi a compra a seguradora SulAmérica pela Rede D’Or por cerca de US$ 3 bilhões, em operação que uniu a maior rede hospitalar brasileira a uma das principais seguradoras independentes do país.

Em 2022, dois setores representaram 66% do valor das fusões e aquisições no Brasil: energia e recursos naturais e manufatura e serviços. Em 2021, o destaque foram os negócios de saúde e varejo. Na visão de Frota, em um momento de incertezas tanto locais quanto globais, como ocorre neste ano, é provável que a maior parte dos negócios ocorra em setores mais dependentes de exportações, como energia e recursos naturais, do que do consumo doméstico.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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