Galípolo vê juros nos EUA como principal motivo para valorização do dólar
Diretor do Banco Central comentou o fato de o movimento de alta da divisa americana ter coincidido com a queda da Selic no Brasil
O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que, do ponto de vista prático, a divergência entre os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) na reunião de agosto é menor do que pode parecer.
Ele destacou que havia uma unanimidade sobre o início dos cortes na taxa básica de juros, a Selic, e que a divergência estava concentrada na magnitude, entre 0,25 ponto porcentual e 0,50 ponto porcentual.
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Galípolo também afirmou que o colegiado foi corajoso e bem-sucedido em explicitar na ata, de forma transparente, os pontos de vista que foram debatidos na reunião.
“São todos pontos válidos do ponto de vista técnico e que estavam presentes e sendo debatidos pelo mercado.”
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Juros nos EUA
O diretor de Política Monetária do Banco Central afirmou ainda que, após a alta das taxas longas de juros nos Estados Unidos, a grande pergunta é quanto tempo elas permanecerão elevadas e quais serão os impactos para os países emergentes.
Ele emendou que, por ora, a visão é que essa mudança não deve impactar a perspectiva para as taxas americanas de juros de curto prazo, em relação ao cenário anterior à alta, mas que ainda é preciso aguardar os pronunciamentos da autoridade monetária local.
Galípolo citou que há, no entanto, quem esteja aventando a possibilidade de que o movimento seja reflexo de uma mudança estrutural, com alteração na taxa de juros neutra dos Estados Unidos.
Entre as possíveis causas para o ocorrido, Galípolo enumerou que ele pode ser consequência de uma emissão de títulos do Tesouro americano em volume maior, por necessidade de financiamento do Tesouro, o que tende a diminuir o valor dos títulos e abrir os spreads.
Ao citar essa possibilidade, o diretor disse que vemos em países desenvolvidos problemas que antes eram de países emergentes.
Real sob pressão
No início de sua fala, Galípolo defendeu que o movimento de alta das taxas longas norte-americanas foi o responsável pela depreciação recente do real.
O período, no entanto, coincidiu com o momento logo após a reunião de agosto do Copom, o que levou parte do mercado a associar a depreciação à decisão do colegiado, disse.
“Ao olhar para outras moedas, vimos que esse era um movimento global.”
O diretor relembrou que, na ocasião, chegou a fazer uma ironia de que “infelizmente o BC não afeta a taxa de juros longa americana, espero que um dia a gente chegue lá”.
Ele emendou que está aprendendo que não deve fazer muitas ironias como membro do Banco Central.
Com informações do Estadão Conteúdo