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Gabriel Galípolo tornou-se o novo presidente do Banco Central após vencer a sabatina no Senado. No entanto, os desafios começam agora, com a necessidade de lidar com a política monetária e a inflação. O IPCA de setembro acelerou para 0,44%, colocando o país fora da meta de inflação de 3% para 2024. Galípolo terá que consolidar a agenda do BC, incluindo o Pix e o drex, além de enfrentar questões políticas e econômicas. Ex-presidentes do BC destacam a importância de agir com coragem e pragmatismo.
Gabriel Galípolo foi o assunto da semana. Ele passou no primeiro teste público e assim tornou-se de fato e direito o novo presidente do Banco Central após vencer a sabatina no Senado.
Mas a experiência mostra que referenciar a indicação do presidente da república foi a parte mais fácil do trabalho futuro como presidente do BC. Ao assumir o posto, ele terá mais desafios. E problemas mais complexos para resolver.
Gabriel Galípolo e a questão política
Um desses problemas pode estar justamente na figura de quem o indicou. O presidente Lula costuma reclamar sempre que pode da taxa de juros básica da economia, a Selic. Foi assim com Roberto Campos Neto. Mas pode também ser um pouco diferente com Gabriel Galípolo, afinal, ele foi escolhido pelo próprio presidente do país, diferente de Campos Neto. O tempo vai dizer.
O desafio da inflação
E para adiante, para além do desafio político, há a barreira técnico propriamente dita. O desafio de comandar a política monetária do Brasil. E dentro disso está a inflação. O IPCA de setembro acelerou para 0,44%. Havia caído 0,02% no mês anterior. Com isso, o país está fora da meta de inflação, que é de 3% para 2024.
“A inflação de 2024 é uma informação muito relevante, especialmente porque a gente tem que combinar inflação corrente com expectativas e projeções de inflação”, admitiu Galípolo durante a sabatina.
A inflação estará no debate da próxima reunião do Comitê de Política Monetária. O Copom se reúne nos dias 5 e 6 de novembro. E nos dias 10 e 11 de dezembro. Serão as duas últimas reuniões comandadas por Campos Neto. O encontro do começo do ano que vem será conduzido por Galípolo. Hoje a taxa Selic está em 10,75% ao ano. Espera-se por novo aumento em novembro.
O novo presidente do BC parece saber que a parte mais difícil está por vir.
Consolidação da agenda
Durante a sabatina, falou, conforme a Agência Senado: “Existem numerosos desafios pela frente, como a consolidação de uma agenda capaz de criar uma economia mais equânime e transparente, capaz de combinar maior produtividade e sustentabilidade, o que envolve o compromisso permanente do Banco Central no combate à inflação”.
Além disso, ele tem pela frente a consolidação do Pix e também a do drex, que será em breve a conversão do real em ativo digital. Sem falar nas bets, assunto que respinga no BC por conta do possível endividamento dos brasileiros.
É muita coisa.
Mas não algo que necessariamente assuste o novo presidente do BC, que afinal de contas, já se enfiou embaixo de uma van durante a crise da cratera do metrô em Pinheiros, na cidade de São Paulo. A questão será acompanhar quantas vezes ele conseguirá fazer o mesmo em Brasília.
Dois conselhos para Gabriel Galípolo
O Banco Central mantém em seu site uma página especial caprichada com entrevistas concedidas por diversos de seus ex-presidentes. Se chama ‘História Contada do Banco Central do Brasil’. De lá, a reportagem pescou duas frases que ensinam como é difícil dirigir a autoridade monetária. São frases bastante complementares.
Henrique Meirelles conta: “O Banco Central não pode ser tímido; tem que ser conservador e sereno, mas não hesitar em agir quando necessário. Precisa ter coragem para atuar e olhar os acontecimentos com frieza e coragem para agir quando necessário, sem hesitar”.
Pragmático, tomar para si o controle da situação, eis a dica de Meirelles.
Ou Gabriel Galípolo poderá entender a presidência do BC como a definiu Armínio Fraga. “Essa ideia de que existem dois modelos, um desenvolvimentista e um outro, também é falsa. É uma estratégia de retórica. Não haverá desenvolvimento algum se a macroeconomia não estiver em ordem, se houver crise financeira e outros problemas”.