Haddad: ‘Não estamos trabalhando com perspectiva de recessão’

Ministro comentou, no entanto, que o último trimestre sugere uma desaceleração da economia para este ano

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Foto: Adriano Machado/File Photo/Reuters
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Foto: Adriano Machado/File Photo/Reuters

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (2) que o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do último trimestre do ano passado sugere “uma desaceleração” da atividade econômica para este ano. Mas, segundo ele, o governo federal não trabalha “com perspectiva de recessão”.

“Não estamos trabalhando com perspectiva de recessão”, disse a jornalistas na porta do Ministério da Fazenda, depois de participar de cerimônia no Palácio do Planalto.

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Segundo Haddad, o crescimento econômico vem perdendo força por causa da elevação de juros promovida pelo Banco Central (BC). O movimento, de acordo com o ministro, foi influenciado por medidas fiscais adotadas pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Por isso, o resultado anual do PIB em 2022 foi em linha com o “esperado”.

A ideia, segundo ele, é adotar medidas de equilíbrio das contas públicas que vão ao encontro do que o Banco Central (BC) tem defendido e criar uma curva de crescimento “ascendente”

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“Neste momento ela está descendente”, disse.

Ele voltou a defender a importância de “harmonizar” as políticas monetária e fiscal.

“Temos a oportunidade de resolver quadro neste ano, sem prejudicar população de menor renda”, disse.

O que esperar do PIB no 1º tri de 2023?

A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda afirmou nesta quinta-feira que “há vetores positivos para o crescimento” da economia brasileira nos próximos meses. Mas a política monetária global pode atuar em sentido oposto, na avaliação da SPE.

Mais cedo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 2,9% em 2022, embora tenha recuado 0,2% no quarto trimestre, em relação aos três meses anteriores no cálculo dessazonalizado. O Ministério também chamou atenção negativamente para o impacto, sobre a indústria, da elevação dos juros.

Na estimativa da SPE, o resultado do quarto trimestre de 2022 deixa uma herança estatística positiva de 0,2% para este ano. Isso significa que, se o PIB permanecer ao longo de 2023 no mesmo patamar que encerrou 2022, registrará crescimento de 0,2% na comparação anual.

Entre os vetores positivos esperados para os próximos meses, a SPE destaca “a produção recorde de grãos projetada para a safra em 2023, a resiliência do mercado de trabalho, o reajuste real do salário mínimo e a elevação da faixa de isenção do IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física)”.

“Por outro lado, podem pesar negativamente para a atividade o aumento da rigidez da política monetária a nível mundial, reduzindo o ritmo de crescimento da economia global”, diz.

Consequentemente, isso diminuiria “a contribuição do setor externo para a atividade doméstica” e causaria “a piora das condições de crédito bancário e não-bancário decorrente das altas taxas de juros domésticas, dificultando a rolagem de dívidas e o acesso a capital de giro pelas empresas”.

Na nota, a SPE destaca que a queda do PIB no quarto trimestre ocorreu “após consecutivas desacelerações [do crescimento] na margem”.

“O movimento repercute a queda no PIB do setor industrial e a forte desaceleração em serviços. O setor agropecuário avançou no trimestre, revertendo três quedas seguidas na margem”, diz.

Já pela ótica da demanda “destaca-se a desaceleração no consumo das famílias e governo e nas exportações, e a queda na FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo) e nas importações”. A FBCF é mede o que o país investe em máquinas, construção civil e inovação.

“Na comparação com o último trimestre de 2021 e no ano, não houve aceleração no ritmo de atividade em nenhum dos setores produtivos. A atividade agropecuária registrou recuos significativos nessas duas bases de comparação”, diz.

Já a indústria “desacelerou de maneira relevante, repercutindo o ciclo contracionista da política monetária e a dinâmica do mercado de crédito, dentre outros fatores”.

No caso dos serviços, “também houve desaceleração, porém menos acentuada”.

“Esse setor se beneficiou de medidas de estímulo fiscal, tais como liberação do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e elevação dos valores do programa de transferência de renda”, afirma. “Além disso, atividades relacionadas a serviços prestados às famílias se recuperaram da pandemia de maneira mais expressiva apenas em 2022.”

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