Crescimento em 2025 terá “um pouquinho de moderação” devido à inflação, diz Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que acredita que o país vai continuar crescendo, mas com um “pouquinho mais de moderação” em comparação à 2024, quando o Produto Interno Bruto (PIB) avançou 3,4%, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Eu acredito que vamos continuar crescendo, mas com um pouquinho mais de moderação, por causa da inflação”, afirmou o ministro em entrevista ao podcast Flow.
A entrevista começou por volta das 19h30 e foi transmitida ao vivo.
De acordo com Haddad, as projeções de que a economia vai crescer 2,3% neste ano fazem sentido. “Previsão da Fazenda é de 2,5% [para o PIB em 2025]”, disse.
Já o Itaú Unibanco projeta o PIB do Brasil em 2025 em 2,2%, acima da mediana de 2% da pesquisa Focus emitida pelo Banco Central.
Segundo o ministro, a calibragem do crescimento é fundamental para manter a inflação minimamente controlada.
O ministro destacou também que a colheita da safra deve reduzir a pressão sobre preços de alimentos, que também serão beneficiados com a melhora da taxa de câmbio.
Chamou a atenção, no entanto, para alguns produtos, como o café, cuja demanda está aumentando no mundo.
Bons resultados do PIB
Haddad também afirmou que os bons resultados do PIB em 2023 e 2024 indicam um “começo de conversa em que as forças políticas e Poderes da República começam a perceber que tem muita coisa em risco e não podemos nos manter nesse tipo de controversa [política]”, disse.
Ele afirmou que até 2022 foi um período de década perdida, devido à políticas econômicas adotadas e também à polarização política que o país vive.
O ministro citou, ainda, que a sociedade está muito mais polarizada que o Congresso Nacional. Ele citou como exemplo a aprovação de pautas de Estado pelo Legislativo, como a reforma tributária do consumo.
“Acredito que no Congresso a polarização está menos acentuada que na sociedade”, afirmou.
Haddad comentou que o resultado de 2024 ficou bastante próximo da projeção esperada pela equipe econômica. “E já é o segundo ano consecutivo de um PIB acima das expectativas do mercado, o que é importante”, afirmou.
E repetiu sobre a expectativa de desaceleração em 2025. “Então, eu acredito que as coisas estão bem desenhadas para nós termos bons resultados esse ano também”, completou o ministro, ainda se referindo ao desempenho da economia.
Questionado se acredita numa continuidade da queda do dólar, Haddad falou que é preciso esperar para ver qual será o ponto de estabilização da moeda norte-americana.
“Eu imaginava que estava muito exagerado [o patamar do dólar em relação ao real] e isso se confirmou. O câmbio é flutuante no Brasil, e é bom que seja flutuante, porque você acomoda as contas externas. Vamos ver o trabalho que vai ser feito para ver em que ponto ele [o dólar] se estabiliza”, respondeu.
Grilo falante
Para Haddad, a área econômica do governo tem a função de “grilo falante”, ao alertar dos riscos para as contas públicas a todo o momento.
“O papel da área econômica é ficar alertando o governo, ela é o grilo falante do governo: troca isso aqui, mexe isso aqui, corrige isso aqui. É o tempo todo, porque a matemática da economia não é tão complexa.”
Ele ponderou, contudo, que é “mais fácil é resolver o problema na planilha. “O mais difícil é resolver na política”, disse, ao se referir à decisão política de onde cortar e de conseguir apoio do Congresso Nacional para a medida.
Haddad afirmou que a decisão do governo é de não cortar das camadas mais pobres da população. Ele citou como exemplo a decisão do governo de retornar os pisos da saúde e educação.
O ministro também voltou a repetir que o governo está focado em acabar com renúncias tributárias indevidas. “Acho justo que o bilionário contribua com alguma coisa, porque o trabalhador é taxado. O bilionário também tem que contribuir.”
Haddad voltou a dizer que o presidente Lula “sabe da importância de manter o arcabouço fiscal de pé” para reequilibrar as contas públicas.
Com informações do Valor Econômico
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