Haddad em NY: crescimento econômico do Brasil é atrativo para investidor estrangeiro
Ministro está em Nova York para participar de eventos da Semana do Clima e da agenda oficial da Assembleia Geral da ONU.
Na chegada ao jantar do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCS), em Nova York (EUA), no restaurante Guastavino’s, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, falou a jornalistas sobre a atração de capital estrangeiro ao Brasil para financiar projetos no âmbito do Plano de Transformação Ecológica.
Dessa forma, no início da tarde, o ministro se encontrou com o diretor-presidente da Alterra, Majid Al Suwaidi, ocasião em que foram discutidas possibilidades de um acordo de cooperação “no mais alto nível”, disse Haddad.
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Isso incluiria investimentos dos fundos soberanos dos Emirados em empresas brasileiras e no mercado financeiro nacional.
Haddad e a questão ecológica
“A questão da transformação ecológica sempre é a que mais chama a atenção”, pontuou ao ser questionado sobre áreas de interesse.
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Dessa forma, ele também comentou que foi levantada na conversa uma negociação antiga com os Emirados Árabes sobre a questão do paraíso fiscal.
“A legislação brasileira é rígida nesse sentido, mas não mais rígida do que a de outros países. E nós estamos negociando uma saída para ter um acordo de cooperação que vai ter que passar pelo crivo, inclusive do Congresso, que pode exigir uma alteração legal. Mas desde que seja com benefício mútuo, não pode ser unilateral da parte do Brasil”, disse.
Atração de investimentos para o Brasil
Perguntado sobre como o país pode atrair investimentos para o desenvolvimento de novos negócios, especialmente ligados ao clima e à sustentabilidade, ele disse que o crescimento econômico do país por si só “já é uma vantagem competitiva que o Brasil tem”.
Haddad citou que o volume de investimentos para essas áreas já tem crescido no país.
O ministro está em Nova York para participar de eventos da Semana do Clima e da agenda oficial da Assembleia Geral da ONU. Ele tem também programação paralela com empresários, entidades e autoridades.
“O Brasil está preparado para isso (receber investimentos) , inclusive vou falar aqui (no jantar) sobre o conjunto de leis que já foram aprovadas [no Brasil], regulatórias, sobre hidrogênio verde, sobre biocombustíveis, todo o leque de ações dos vários ministérios em torno do plano de transformação”, disse.
Fernando Haddad: acordos bilaterais
Ele adiciona que isso também tem norteado acordos bilaterais com outros países, como a China. Então, ele disse que haverá uma conversa bilateral do país asiático com o Brasil no final do ano com esse mesmo objetivo.
“E, obviamente, a questão macroeconômica também chama muita atenção”, pontua.
“E o fato do Brasil estar crescendo mais do que a média mundial, do arcabouço fiscal estar funcionando, isso também (ajuda). Para além das turbulências de curto prazo, o fato é que o investidor estrangeiro está pensando no médio e longo prazo e está vendo a consistência do plano macroeconômico do governo”, afirmou.
Dessa maneira, Haddad citou que o Brasil estava há 10 anos sem crescer e produzindo déficits públicos.
“Nós vamos ter o melhor resultado desse ano em dez anos, com exceção da maquiagem que foi feita em 2022, que envolveu calote e privatizações atabalhoadas e suspeitas”. Isso tudo, afirma, gera confiança, sobretudo do empresário estrangeiro, “que não tem partido no Brasil a não ser o próprio investimento”.
“Não tem um alinhamento ideológico, tem um alinhamento com as oportunidades que o Brasil oferece”, acrescenta.
Brasil busca investment grade?
Assim, questionado sobre o que o país precisa fazer para voltar a ter o status de investment grade, nota máxima das agências de classificação de risco internacionais, o que permite que diversos fundos de investimento passem a poder investir no Brasil, ele voltou ao crescimento econômico e também citou os esforços no campo fiscal.
“Nós estamos aumentando ano após ano, nós estamos superando os degraus que foram perdidos ano após ano. Ano que vem nós esperamos mais um degrauzinho na busca do grau de investimento”, disse.
Então, ele disse que o projeto de regulação do mercado de carbono deve sair ainda este ano.
À imprensa brasileira em Nova York, o ministro da Fazenda comentou sobre o desbloqueio de recursos.
Na última sexta-feira (20), foi aprovada uma diminuição do contingenciamento de R$ 15 bilhões para R$ 13,3 bilhões.
“O mercado nem esperou a segunda-feira, a entrevista que vai ser dada”, disse.
Boas notícias no Brasil
O ministro reforçou que há boas notícias do lado da receita e da despesa. Sobre o aumento dos juros básicos do país, ele sustenta que vai ser temporário: “Nós vamos retomar em seguida, assim que as coisas estiverem nos eixos, vamos retomar a trajetória sustentável de queda do juros”.
Haddad também falou sobre as crises como o caso da enchente no Rio Grande do Sul e queimadas.
Para ele, a capacidade de resposta do Rio Grande do Sul é um exemplo positivo de enfrentamento rápido do problema, destacando a cooperação entre governo federal, governo estadual e prefeitos.
“Se você ficar num jogo de empurra para ver quem tem que resolver o problema e não unir esforços em torno do que é urgente, aí você vai ter mais dificuldades”.
E disse que a Casa Civil deu uma demonstração, ao convocar os governadores para Brasília, de querer replicar uma metodologia de trabalho que deu resultados “muito imediatos”.
“É muito difícil para um governo central, num país descentralizado, resolver os problemas sem apoio federativo”, concluiu.
Com informações do Valor Econômico