Haddad nega fim do real: ‘moeda virtual comum com Argentina visa incrementar comércio’
Haddad falou com jornalistas ao chegar a Buenos Aires na comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem compromissos nos próximos dois dias na cidade portenha
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse neste domingo que a ideia de criar uma moeda comum com a Argentina visa incrementar o comércio com o país vizinho. Entretanto, por ser usada exclusivamente em transações comerciais e financeiras, ela não implicará o fim do real nem do peso argentino.
Haddad falou com jornalistas ao chegar a Buenos Aires na comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem compromissos nos próximos dois dias na cidade portenha.
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A adoção dessa moeda comum será um dos temas do encontro entre Lula e o presidente argentino, Alberto Fernández, nesta segunda-feira (23), na Casa Rosada.
À imprensa, Haddad disse que vem tratando do assunto com o ministro da Economia, Sergio Massa.
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“Estive com ele [Massa] mais de uma vez conversando e ele está querendo incrementar o comércio que está caindo muito”, contou Haddad. “[A situação do comércio] está muito ruim, e o problema é exatamente a divisa, né? Isso que a gente está quebrando a cabeça para encontrar uma solução. Alguma coisa em comum, alguma coisa que permita a gente incrementar o comércio porque a Argentina é um dos países que compram manufaturados do Brasil e a nossa exportação pra cá está caindo.”
Atravessando um das piores crises econômicas de sua história, a Argentina sofre com uma alta inflação, que chegou a 94,8% em 2022. A falta de divisas, além disso, tem provocado uma grande desvalorização do peso.
Esse quadro preocupa o Brasil, sobretudo a indústria, uma vez que os argentinos são grandes clientes dos produtos manufaturados nacionais.
“[A solução para impulsionar o comércio] passa por driblar a dificuldade deles. Estamos pensando em várias possibilidades”, disse Haddad.
Em entrevista ao “Financial Times” publicada neste domingo, Massa disse que os dois países decidiram “começar a estudar os parâmetros necessários para uma moeda comum, que inclui tudo, de questões fiscais ao tamanho da economia e o papel dos bancos centrais”.
Ante essa declaração, e do fato de que outros países serão convidados a usar a moeda, o FT afirmou que o movimento “pode criar eventualmente o segundo maior bloco monetário do mundo”, atrás da zona do euro. Entretanto, a ideia de ter uma moeda conjunta, com circulação corrente entre os cidadãos comuns dos países da região, não é levada a sério pelas autoridades brasileiras.
Ao falar com os jornalistas, Haddad ironizou essa possibilidade. Questionado sobre se falaria com a imprensa nos próximos dias, ele respondeu:
“Falo. Até porque estão dizendo que vai acabar o real”, afirmou.