IBC-Br: Inflação, eleição e alta de juros indicam cenário difícil para a atividade econômica
Consultoria projeta que o segundo e o terceiro trimestres devem ser os momentos mais complicados no ano
Apesar do resultado pior do que o esperado pelo mercado, a queda de 0,99% do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) em janeiro já vinha sendo anunciada pela queda da produção industrial, do comércio e do setor de serviços. Adiante, a inflação persistente, a incerteza por conta das eleições e o efeito da alta dos juros indicam cenário difícil para a atividade, afirma Thiago Xavier, economista da Tendências Consultoria.
Em janeiro, o IBC-Br caiu 0,99%, na comparação dessazonalizada com dezembro do ano passado, conforme divulgado nesta quinta-feira pela autoridade monetária. Em dezembro, o indicador teve alta de 0,32% (dado revisado de queda de 0,33%).
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O resultado de janeiro veio abaixo da mediana das estimativas colhidas pelo Valor Data, de queda de 0,2%. Em relação a janeiro do ano passado, por sua vez, houve alta de 0,01%. Em 12 meses, o IBC-Br subiu 4,73%.
“Se formos olhar qualitativamente, o dado de janeiro não muda a nossa percepção de estagnação do Produto Interno bruto (PIB) neste ano. Esperamos 0% de crescimento do PIB neste ano, com projeção de alta de 0,2% a 0,7% no primeiro trimestre”, afirma.
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Ele afirma que o segundo e o terceiro trimestres devem ser momentos mais difíceis. “As eleições, sem dúvida, são um fator, mas o que esperamos também são efeitos defasados da Selic”, diz. “Então será um período de inflação alta, grande incerteza pelas eleições e por questões externas, em que dificilmente haverá reversão das sanções econômicas no curto prazo, inflação sistematicamente revisada para cima, e efeito dos juros.”
Guerra e endividamento
Enquanto a variante ômicron e os gargalos na indústria pesaram negativamente para o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de janeiro, a inflação e o endividamento das famílias pode ameaçar a expansão do indicador nos próximos meses, afirma Marina Garrido, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).
“Já estávamos esperando crescimento pior por conta do efeito da ômicron sobre serviços, com queda da mobilidade. Comércio e indústria tiveram desempenho fraco. Além dos gargalos, do lado da demanda, o rendimento mais baixo, a inflação mais alta e o endividamento das famílias dificultaram elas consumirem”, afirma Marina.
Olhando adiante, a perspectiva é que a indústria continuará afetada por gargalos – situação que pode piorar a depender dos efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia e levar a uma normalização apenas em 2023, diz. Já comércio deve ficar no zero a zero, mais por conta da inflação e do endividamento das famílias.
Para o ano, a previsão é que o setor de serviços puxe a atividade. “Até o segundo semestre, devemos continuar compensado as perdas”, prevê a economista, ao citar a recuperação de serviços públicos, com gastos em educação e saúde. “Serviços será o motor do crescimento em 2022.”
O FGV Ibre espera crescimento de 0,6% do PIB neste ano.
Com Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico