IBC-Br não melhora perspectiva para o início de 2022, avalia economista
Serviços e indústria apresentaram atividade melhor do que se previa, mas há fatores negativos que devem pressionar os indicadores nos primeiros meses do ano
O índice de atividade econômica do Banco Central (IBC-Br) de dezembro não trouxe surpresas e não sinaliza nenhum impulso para a economia brasileira para este início de 2022, avaliou o economista João Leal, da Rio Bravo Investimentos. O indicador subiu 0,33% ante novembro, acumulando alta de 4,50% no ano, conforme divulgado nesta sexta-feira pela autoridade monetária.
O resultado ficou próximo ao piso das projeções colhidas pelo Valor Data junto a 27 consultorias e instituições financeiras, que iam de +0,3% a +0,8%, com mediana de +0,5%. Em relação a dezembro do ano passado, por sua vez, houve alta de 1,30%. Apesar de abaixo do ponto-médio das expectativas do mercado, foi um resultado sem grandes surpresas, disse o economista. Segundo ele, o ano até se encerrou mais positivo do que se esperava, mas não deixa uma perspectiva positiva para o início deste.
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“Infelizmente, o que a gente vê é que foi um efeito mais transitório do final do ano passado refletindo alguns fatores daquele momento e não traz muita informação sobre o que pode acontecer em 2022”, disse Leal. Segundo a Rio Bravo, os setores de serviços e indústria apresentaram atividade melhor do que se previa anteriormente no último período do ano passado, mas há fatores negativos que devem pressionar os indicadores nos primeiros meses de 2022.
“Ainda vemos problemas persistentes na cadeia de suprimento no início desse ano. Deve ter ainda efeitos da ômicron, especialmente em janeiro, consequências de perda de renda disponível, de renda real, com o mercado de trabalho ainda fragilizado, além da taxa de juros começando a fazer efeito na economia”, observou. “Apesar de termos visto alguma recomposição das quedas da indústria e bom desempenhos dos serviços no fim do ano passado, o que a gente vê é que 2022 deve ser um ano bem diferente. A gente deve ter um ano muito mais baixo nesses dois setores”, acrescentou.
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Na mesma direção, a Kinitro Capital também destacou que o resultado não muda o panorama para a economia brasileira. “Mesmo que o final do ano tenha sido mais positivo que o esperado inicialmente, a perspectiva para a atividade econômica em 2022 segue bastante desafiadora. Não só pelo aumento expressivo de infecções gripais e de covid em janeiro, que impactaram a mobilidade das pessoas, mas principalmente pela combinação de inflação elevada, renda das famílias em queda, fiscal conturbado e política monetária apertada, elementos que devem manter a confiança dos agentes muito baixa e impor desafios para a manutenção do crescimento”, apontaram os economistas da Kinitro em relatório.
Com reportagem do Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor Econômico