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IF Hoje: Americanas segue no radar do investidor, mas foco deve ser commodities
Um novo capítulo se iniciou ao final do pregão de ontem, após a Justiça aceitar o pedido de recuperação judicial da Americanas, que tem R$ 43 bilhões em dívidas e 16,3 mil credores para recebe-las.
Nos próximos dias saberemos mais detalhes do processo de recuperação judicial, que dará à companhia um fôlego de 180 dias, ainda que curto, para reestruturar suas dívidas, estabelecer um novo cronograma de pagamentos, manter o caixa e evitar a falência.
Após a aprovação do pedido de recuperação judicial da Americanas, os credores e os acionistas já começam a se articular para avaliar a proposta que será feita pela varejista para reduzir o nível de endividamento de R$ 43 bilhões, conforme revelado no pedido apresentado ontem à Justiça do Rio.
De acordo com fontes entrevistadas pelo GLOBO, já é esperado entre os credores financeiros que a rede varejista ofereça um corte entre 80% e 90% do valor total da dívida.
As fontes destacaram que já estão em andamento as conversas com a Rotschild, empresa contratada para atuar na intermediação entre os acionistas da Americanas e os credores no Brasil e no exterior.
A companhia deverá ser, por mais um dia, a protagonista do noticiário, mesmo indo para a casa dos centavos, perdendo relevância e saindo de todos os índices da B3. Ontem a AMER3 fechou valendo R$ 1,00 – menor valor de sua história – e os acionistas assistiram ao vivo o derretimento da empresa, que hoje vale menos de 1% de sua máxima, em 2020.
É quase consenso que uma eventual quebra da varejista não é a melhor saída para ninguém. São 44 mil funcionários e centenas de pequenos fornecedores que ficariam a ver navios, dada a capilaridade e a variedade dos itens vendidos nas lojas.
Commodities no comando
A bolsa brasileira segue se beneficiando da alta nos preços das commodities, que sobem com o otimismo diante da abertura sanitária na China, maior mercado comprador dessas matérias-primas. Ontem o Bradesco BBI inclusive aumentou o preço-alvo para as ADRs da Vale, para US$ 23, com recomendação de compra mantida.
O investidor deve ficar de olho na variação de preços do minério de ferro e petróleo, especialmente, que causam o maior impacto na bolsa brasileira, ainda mais que hoje não haverá nenhum indicador macroeconômico relevante por aqui.
Política sempre pode fazer preço
Se não há grandes indicadores, a cena política sempre pode mexer com o mercado. O presidente Lula terá uma agenda lotada de eventos nesta sexta-feira, começando com uma reunião com os ministros Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, e Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social.
Na sequência, Lula tem reunião com o presidente da Fiesp, Josué Gomes, que sofre forte pressão interna para sua saída da entidade, e com os comandantes das três forças armadas.
Não consta na agenda, mas o presidente sempre pode dar alguma declaração ou entrevista ao fim desses encontros.
Fórum Econômico Mundial
O Fórum Econômico Mundial de Davos acaba hoje, deixando um saldo positivo para o Brasil, que apresentou ao mundo sua nova cara, propostas de crescimento econômico, sustentabilidade fiscal e de combate ao desmatamento. Segundo participantes do evento, os estrangeiros chegaram preocupados com a situação do país, mas saíram de lá mais otimistas.
Estados Unidos morno
Nos Estados Unidos também não haverá indicador relevante a ser divulgado nesta sexta-feira. Os investidores ficarão de olho nos discursos do presidente da representação do Fed na Filadélfia, Patrick Harker, e de Christopher Weller, também membro do Comitê Federal de Mercado Aberto, buscando pistas sobre o destino das taxas de juros naquele país.
Mercado ontem
O Ibovespa subiu 0,65%, a 112,9 mil pontos, após o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmar que o governo não tem intenção de fazer qualquer mudança na relação com o Banco Central, apesar das críticas feitas pelo presidente Lula à independência do órgão.
O mercado torceu o nariz e o dólar chegou a subir mais de 1% ao longo do dia, fechando em alta de 0,23%, a R$ 5,17, reduzindo os ganhos na reta final.
A concorrência celebrou a derrocada da Americanas e os investidores viram um potencial ganho de market share, com isso, a ação da Magazine Luiza (MGLU3) liderou os ganhos e fechou em alta de 6,18%, a R$ 3,78.
Netflix
Netflix brilhou no after hours em NY (+6,83%), após o salto de 7,7 milhões em sua base de assinantes e a saída do CEO, o que pode reanimar Wall Street, no fechamento da semana que resgatou o medo da recessão.
À noite, a Netflix reportou seus resultados do quarto trimestre, com um lucro por ação de US$ 0,38, ante expectativa do mercado de US$ 0,59, segundo a agência FactSet. A receita foi de US$ 7,85 bilhões, superando o consenso que projetava US$ 7,84 bilhões.
O dado mais esperado era o número de assinantes. A companhia encerrou o ano com uma base de 231 milhões de assinaturas pagas, gerando US$ 32 bilhões em receita. Ao final do terceiro trimestre, a companhia tinha 223 milhões e projetava ter 227 milhões ao fim de dezembro.
A base de assinantes cresceu 4,01% em um ano, a 230,7 milhões de pessoas. A adição líquida de novos assinantes foi de 7,66 milhões de pessoas no quarto trimestre, impulsionada pelo lançamento do novo plano com anúncios em novembro.
“O ano de 2022 foi desafiador, com um início difícil, mas um fim de maior clareza”, diz a companhia, em carta a acionistas. “Acreditamos que agora temos um caminho para reacelerar crescimento das receitas.”
Além do novo pacote de assinatura, mais barato, a Netflix afirma que seus resultados foram sustentados pelos lançamentos realizados na plataforma durante o quarto trimestre.
Segundo a empresa, “Wandinha” se tornou terceira série mais popular de todos os tempos e “Glass Onion: Um Mistério Knives Out” o quarto filme mais popular na plataforma. “Harry & Meghan” foi o segundo documentário mais assistido na Netflix.
A queda brusca no lucro, ficando abaixo da previsão da empresa e do mercado, aconteceu por efeitos cambiais de uma dívida da Netflix notada em euros. O lucro operacional da plataforma foi de US$ 550 milhões no quarto trimestre, queda de 12,9% em um ano.
Projeções
No primeiro trimestre de 2023, a Netflix espera alcançar uma receita de US$ 8,17 bilhões, crescimento de 4,07% sobre o quarto trimestre. O lucro líquido deve ser de US$ 1,27 bilhão, sem efeitos cambiais durante o período.
Há pouco, as ações da Netflix tinham alta de 4,54% no pós-mercado da Nasdaq, em Nova York. Os papéis fecharam em queda de 3,23%, cotados em US$ 315,78 na sessão regular.
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