Com menor taxa na 2ª prévia em três meses, IGP-M de fevereiro pode encerrar negativo, diz FGV
E este resultado pode estar atrelado à onda de desacelerações e quedas de preços em commodities
A segunda prévia do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) de fevereiro subiu apenas 0,04%, a menor taxa para segunda prévia desde novembro do ano passado (-0,55%).
Uma onda de desacelerações e quedas de preços em commodities conduziu ao resultado, segundo André Braz, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV). Como não há sinais de arrefecimento no atual movimento de commodities mais baratas, o especialista não descartou que o IGP-M do mês possa encerrar com taxa negativa.
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Maiores quedas
Ao detalhar o comportamento da segunda prévia de fevereiro, o especialista notou que, mais uma vez, os preços atacadistas foram os grandes responsáveis para a taxa menor do indicador.
O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que faz parte de 60% do total do IGP-M e representa o atacado, passou de 0,33% para -0,08% na segunda prévia de janeiro para igual prévia em fevereiro. Foram observadas desacelerações de preços em minério de ferro (de 13,61% para 5,24%); e quedas de preços em soja (-3,74%) e em bovinos (-2,69%).
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“O IGP-M já vem com essa tendência de desaceleração, para baixo, embalado no comportamento de grandes commodities”, comentou o técnico.
O contexto macroeconômico, tanto global quanto doméstico, tem contribuído para reduzir preço desse tipo de item, explicou o especialista. No momento, há claros sinais de desaceleração da economia mundial, o que derruba preços de commodities, visto que o comércio global também diminui, em períodos como o esse.
Ao mesmo tempo, o especialista notou que, no caso do minério, que sozinho representa em torno de 6% do total do IPA, também tem sido afetado pela demanda menor da China, maior compradora global do produto.
Novo ciclo deflacionário?
No caso de commodities com origem agrícola, um aspecto benéfico é o provável repasse aos preços dos alimentos, adiantou Braz. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) passou de 0,42% para 0,40% entre segunda prévia de janeiro e igual prévia em fevereiro, favorecido por queda de preços em alimentação (de 0,54% para -0,02%), no período.
Mas, ao ser questionado se a família dos Índices Gerais de Preços (IGPs) estaria caminhando para um novo ciclo deflacionário, com o atual contexto de commodities em baixa, o especialista foi cauteloso. O técnico lembrou que o IPA oscila muito, tendo em vista a intensa volatilidade nos preços das commodities.
No entendimento do especialista, o mais correto no momento seria dizer que os IGPs sinalizam trajetória de taxas baixas, não necessariamente negativas, pelo menos até o primeiro semestre de 2023. “Eu estou apostando nessa permanência, de taxas mais baixas nos IGPs, no primeiro semestre”, resumiu.