Inflação no Brasil deve consolidar cenário de convergência à meta; mas já em 2023?
Nos EUA, CPI promete selar rumos da política monetária - com tendência de subida dos juros
Os novos dados de inflação no Brasil e nos Estados Unidos ganham espaço na agenda da semana do investidor. Tanto aqui quanto lá fora a expectativa é de desaceleração dos índices de preços aos consumidores.
Os alívios esperados são fundamentais nas definições de política monetária dos dois países. Mas, no momento, os rumos caminham para lados opostos.
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O que esperar do IPCA de junho?
Antes, vamos falar do Brasil. A inflação oficial aqui, divulgada pelo IBGE, sai na terça-feira (11), às 9h.
Neste sentido, a desvalorização do dólar, o corte nos preços dos combustíveis, os descontos para carros novos e os produtos de alimentação com viés de baixa são fatores que devem fazer com que o IPCA de junho fique negativo.
Assim, a deflação no mês, se confirmada, pode estimular revisões de cenários para o ano.
Porém antes mesmo do resultado, a XP foi a primeira casa a projetar um índice dentro da teto da meta de inflação já em 2023, que é de 3,25%. Como o espaço de tolerância é de 1,5 ponto percentual, o limite fica em 4,75%.
Em relatório, a XP baixou a sua estimativa para o IPCA no ano de 4,9% para 4,7%. Lá em abril, a instituição chegou a projetar uma alta de 6,2%.
Inflação surpreende… para baixo
Ainda que o teto da meta seja alcançando neste ano, a XP vê a convergência ao centro da meta, de 3% para os próximos três anos, ainda fora do radar. O prognóstico da corretora para 2024 é de uma alta 4,1%
“A inflação surpreendeu para baixo pela primeira vez desde a pandemia. Em janeiro, projetávamos inflação de 5,4% para este ano e a estimativa foi elevada para 6,2% após dados desanimadores até abril. Hoje, prevemos alta de 4,7%”, destaca a XP em relatório.
“A queda desde então tem sido impulsionada por eventos internos e externos, afetando principalmente alimentos, bens industriais e bens administrados (principalmente gasolina)”, explica a corretora.
“Esse melhor desempenho deve ajudar a manter a inflação sob controle no curto prazo, embora não acreditemos que o IPCA convirja para a meta de 3% tão cedo. Em horizontes mais longos, ainda vemos a sustentabilidade fiscal como o principal risco para o Banco Central”, completa a casa.
Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, observa que o próprio Banco Central colocou no relatório trimestral de inflação (RTI) que há uma probabilidade de 40% de a inflação ficar abaixo do teto da meta este ano.
Por isso, a consultoria projeta IPCA de -0,01% em junho, com a taxa acumulada em 12 meses ficando em 3,23%. Já no fechamento de 2023, a MB prevê o índice em 4,9%, “com grande chance de ser abaixo”, adianta Vale.
“A deflação de alimentos que devemos ter nos próximos meses vai refletir no índice geral e tem a grande chance de a gente ver o IPCA ficar ao redor de 4,5%”, aponta o economista.
Diante disso, com oo cenário de inflação sob controle e com as expectativas para os próximos anos praticamente ancoradas, vale lembrar que quase a totalidade dos agentes do mercado financeiro consideram que o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) vai iniciar o ciclo de cortes da Selic na reunião de agosto.
“Isso era tudo que o BC estava trabalhando para acontecer. Então abriu-se um espaço de uma forma técnica e correta para a taxa de juros começar a cair a partir de agosto”, afirma Sergio Vale.
“A gente tende a ver cortes ao longo do ano, podendo chegar a 12,25% no fim de 2023 – e 9,5% no encerramento de 2024, na nossa expectativa. A queda vai ser suave e lenta para acompanhar de fato essa desinflação”, completa o economista-chefe da MB Associados.
CPI pode barrar aumento dos juros nos EUA?
Porém, no encontro de junho, os dirigentes do Federal Reserve (Fed, o BC deles) decidiram manter a taxa de juros no intervalo de 5% a 5,25%. Mas o recado foi que a pausa não seria o fim do aperto monetário.
Assim, eles acordaram que era necessário observar os efeitos totais da política de restrição.
Agora, com a publicação programada para quarta-feira (12), às 9h30, o CPI (o IPCA deles) vai objetivar a direção do Fed.
“Devido à ausência de dados que poderiam deixar o Fed mais confiante de que a inflação está em trajetória de convergência para a meta de 2%, está se tornando cada vez mais provável que a autoridade monetária dos EUA eleve as taxas em 0,25 ponto percentual em julho (os mercados atualmente precificam probabilidade de 80%)”, considera a XP.
Agenda da semana – 10 a 14 de julho
Segunda (10)
08h25: Boletim Focus do Banco Central
Terça (11)
09h: IPCA (Índice de Preços aos Consumidor Amplo) de junho
Quarta (12)
09h: PMS (Pesquisa Mensal de Serviços) de maio
09h30: CPI (índice de preços ao consumidor) de junho nos Estados Unidos
15h: Livro Bege do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano)
Quinta (13)
09h30: PPI (índice de preços ao produtor) de junho nos Estado Unidos
16h: IPC (índice de preços ao consumidor) de junho na Argentina
Sexta (14)
09h: PMC (Pesquisa Mensal de Comércio) de maio