Inflação deve piorar antes de melhorar, indica diretor do Banco Central

O diretor de política monetária do Banco Central (BC), Nilton David, destacou que os próximos meses “vão ser desafiadores” no cenário da inflação e que “a inflação vai piorar o [acumulado em] 12 meses antes de melhorar”.
A ata da última reunião do Copom apontou que, se as projeções do cenário de referência se concretizarem, a inflação acumulada em 12 meses ficará acima do teto do intervalo de tolerância da meta nos primeiros seis meses do ano. “Desse modo, com a inflação de junho deste ano, configurar-se-ia descumprimento da meta sob a nova sistemática do regime de metas”, diz a ata. A meta é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
David ressaltou que “a gente tem uma boa convicção que [a política monetária] estava contracionista antes da última alta e está mais contracionista agora, que o processo vai convergir, que no terceiro trimestre do ano que vem, a gente vai estar em 4%, dentro do intervalo, mas acima do centro”.
O horizonte relevante da política monetária é do terceiro trimestre de 2026 e a projeção do Copom é que a inflação estará em 4%. Na última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros de 12,25% para 13,25% ao ano.
“É muito complicado você imaginar que essa expectativa de você estar com política monetária apertada e não ver a coisa acontecer, por mais que a gente saiba das defasagens, não ajuda muito na parte das expectativas, e expectativas são algo que a gente leva muito a sério”, disse David.
O diretor ressaltou que, como não há projeção de inflação acumulada em 12 meses “cedendo” nos próximos seis meses, “a gente não antevê uma grande alteração nas expectativas”. Segundo David, como há uma volatilidade maior do que de costume nos dados de entrada nos modelos, “acho que as pessoas vão ter um pouco de relutância em trazer para baixo depois de ter levado para cima recentemente, que eu credito um pouco ao ruído que teve em dezembro”.
*Com informações do Valor Econômico
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