Inflação: transportes, alimentação, habitação e saúde ficaram mais caros em março

Cinco das nove classes de despesas do IPCA tiveram aceleração no mês

Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo)
Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo)

Das nove classes de despesas usadas para cálculo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial de inflação do governo, cinco tiveram aceleração na passagem entre fevereiro e março. A informação é do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O IPCA geral passou de 1,01% em fevereiro para 1,62% em março, a maior taxa para o mês desde 1994 – pouco antes da implementação do Plano Real. Em 12 meses, o IPCA ficou em 11,3% em março, ante 10,54% acumulados até fevereiro.

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Foram observadas taxas maiores de inflação, na passagem entre fevereiro e março, em alimentação e bebidas (de 1,28% para 2,42%), habitação (de 0,54% para 1,15%), vestuário (de 0,88% para para 1,82%), transportes (de 0,46% para 3,02%) e saúde e cuidados pessoais (de 0,47% para 0,88%).

Por outro lado, foi observada taxa menor em artigos de residência (de 1,76% para 0,57%), despesas pessoais (de 0,64% para 0,59%), educação (de 5,61% para 0,15%) e comunicação (de 0,29% para -0,05%).

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Entre as classes de despesas, a maior variação (3,02%) e o maior impacto (0,65 p.p.) vieram dos transportes, que aceleraram na comparação com o resultado de fevereiro (0,46%). Na sequência, veio o grupo Alimentação e bebidas, com alta de 2,42% e 0,51 p.p. de impacto. Juntos, os dois grupos contribuíram com cerca de 72% do IPCA de março.

Individualmente, o maior impacto para a alta do IPCA de março veio da gasolina, cujo preço subiu 6,95% e respondeu por 0,44 ponto percentual do IPCA.

Resultado desafia posição ‘dovish’ do BC

A leitura “assustadora” do IPCA em março afeta a perspectiva de inflação não apenas para 2022, fazendo com que a postura mais “dovish” (inclinada a conceder menos altas de juros) por parte do Banco Central seja novamente questionada por participantes de mercado. A avaliação é do economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez.

“A surpresa foi espalhada pro diversos grupos e, ainda que se aponte para o avanço de gasolina para além do que se esperava, surpresas grandes foram observadas em leite e derivados, vestuário, conserto de automóveis e hospedagem”, afirmou o profissional em comentário distribuído a clientes. “Em linhas gerais, o headline se acelerou, colocando o 12 meses em 11,30%, mas os núcleos exibiram um salto extremamente preocupante, que coloca em xeque a posição dovish da autoridade monetária.”

Após o dado de março, a Ativa irá revisar sua projeção para o IPCA no ano, atualmente em 6,80%, e também sua expectativa de que o ciclo de aperto termine em 13,50%. Neste último caso, no entanto, Sanchez irá esperar as próximas sinalizações da autoridade monetária.

“Com a curva da Selic no Focus em 12,75% e o desvio inflacionário para 2023 da própria autoridade em cerca de 15bps, além de 2024 desancorando, seria necessário conduzir o juro para além dos 13,50% para restabelecimento da convergência e ancoragem”, argumenta.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.

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