Investimentos em 2023: com juros altos em todo o mundo, renda fixa deverá brilhar

IF dá início a uma série especial de matérias sobre as melhores oportunidades em cada tipo de aplicação no próximo ano

(Foto: Towfiqu Barbhuiya/Unsplash)
(Foto: Towfiqu Barbhuiya/Unsplash)

Em 2022, a aversão ao risco venceu – segundo diversas medidas. A instabilidade geopolítica cresceu com a guerra da Rússia na Ucrânia e os atritos entre China e Estados Unidos. A quebra das cadeias produtivas pela pandemia de Covid-19 fez as empresas voltar a alocar sua produção mais perto de casa. O aumento dos juros em todo o mundo, com uma ameaça de recessão rondando, levou ao abandono da Bolsa de Valores, das starups e das criptomoedas para buscar refúgio na renda fixa. Não há sinais de que a tendência vá mudar em 2023, então esse é o cenário que o investidor precisa considerar ao planejar as suas aplicações no ano que está prestes a começar.

O BC (Banco Central) brasileiro começou a aumentar os juros para combater a inflação bem antes dos seus pares mundiais, em março de 2021. A taxa de referência Selic estava em 2% ao ano, o nível mais baixo da história, e subiu acentuadamente até atingir 13,75% ao ano em agosto último. Desde então, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) interrompeu a estratégia de elevar a taxa para aguardar seu total efeito na economia, que demora um pouco a aparecer.

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Até antes das eleições, a maior parte dos especialistas apostava que a Selic ficaria nesse nível por mais alguns meses, até voltar a ser reduzida a partir do final do primeiro trimestre de 2023.

No entanto, com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na corrida pela Presidência da República, as incertezas e preocupações cresceram. Lula disse, na campanha e após eleito, que o controle dos gastos não será sua prioridade, considerando as imensas necessidades de um país desigual como o Brasil.

Quando o governo gasta mais do que arrecada, precisa se financiar no mercado financeiro, emprestando dinheiro dos investidores ao lhes vender títulos do Tesouro Nacional (aqueles que se compra pelo Tesouro Direto ). Quanto maior a dúvida em relação à capacidade de o governo honrar seus compromissos, mais os juros precisam subir para convencer os investidores a comprar. O crescimento das despesas também explica o aumento dos juros de outra maneira: com mais dinheiro na economia, a inflação sobe, e a principal ferramenta com que o BC conta para segurar o aumento de preços é a taxa de juros.

Segundo a mais recente edição da pesquisa Focus, do BC, os analistas do mercado financeiro esperam que o superávit no orçamento do governo passe de 1,3% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2022 para um déficit de 1% em 2023. A Selic ao final de 2023 é projetada em 11,75% ao ano. Todas as atenções estão concentradas no que o novo governo faz e fala nessa área para poder ajustar suas expectativas. Há inclusive quem esteja prevendo mais um aumento de juros no primeiro semestre do ano que vem.

Assim, as aplicações em renda fixa, que acompanham o movimento das taxas de juros, são favorecidas. Mas o ideal é diversificar a carteira, porque é muito difícil acertar em cheio todas as movimentações da economia e das finanças. Mesmo na renda fixa, há diversas opções de títulos. E outras alternativas um pouco menos conservadoras ainda podem valer a pena.

Como escolher os melhores títulos públicos para colocar no portfólio? Quais são as ações de empresas negociadas em Bolsa que mantêm perspectivas de ganhos apesar do ambiente inóspito para a renda variável? Em que situações o investimento em imóveis é uma boa ideia? Existe alguma esperança de revalorização dos criptoativos?

A Inteligência Financeira conversou com grandes especialistas do mercado financeiro e apresenta, a partir de terça-feira (27), as respostas a essas perguntas. Serão quatro matérias especiais, uma por dia, abordando um determinado tipo de aplicação: Bolsa, renda fixa, imóveis e criptomoedas.

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