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PIB do primeiro trimestre: quais investimentos se beneficiam com a expansão de 1,9%
Diante de uma demanda enfraquecida e agronegócio forte, o PIB do primeiro semestre pode indicar ao investidor quais são os próximos passos a tomar na administração da carteira de investimentos.
Ao mesmo tempo em que não altera a expectativa de queda dos juros, o PIB sinaliza setores que podem avançar na participação da atividade, avaliam economistas e analistas entrevistados pela Inteligência Financeira nesta quinta-feira, 1, após a divulgação da taxa de crescimento. O PIB do primeiro trimestre do Brasil registrou expansão de 1,9%, acima da expectativa de 1,3% do mercado.
Para investimentos, o PIB ressalta a atratividade da renda-fixa pós-fixada até o segundo semestre.
Ainda assim, espera-se que a participação da indústria – foco de políticas recentes do governo federal – aumente no PIB nos próximos resultados, enquanto o agronegócio pode ceder mais espaço para o consumo após um corte da Selic.
Entre os economistas, a expectativa de corte dos juros continua em setembro.
PIB do 1º tri sinaliza efeitos de juros na economia
Os resultado acima da expectativa para a economia brasileira nos primeiros três meses do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mostram como a demanda interna desacelerou em vista da alta taxa de juros básicos.
O PIB chamou a atenção dos investidores e o mercado abriu em alta. O Ibovespa subiu 0,38%. Contudo, a curva de juros futuros para janeiro de 2024 não se alterou, enquanto a previsão para corte de juros do mercado permanece fixada no segundo semestre.
O PIB veio forte do lado da oferta, mas não sob a ótica da demanda, afirma Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Galápagos Capital.
Nos cálculos de Tatiana, o agronegócio, no resultado agregado trimestral, teve uma influência de 1,6% no resultado do PIB comparado com o resto dos setores que compõem o indicador.
A demanda veio enfraquecida, o que mostra que a política de manter a Selic ao patamar de 13,75% ao ano está tendo efeitos na economia, aponta Piter Carvalho, economista da Valor Investimentos.
Queda na demanda interna
Em relação ao quarto trimestre de 2022, o grupo de Despesa de Consumo das Famílias teve oscilação positiva de 0,2% no PIB, enquanto o que mostra investimentos realizados pelo governo federal, de Despesas de Consumo do Governo, teve aumento de 0,3%
A Formação Bruta de Capital Fixo recuou 3,4%.
No resultado agregado, a demanda doméstica contraiu 0,5% no primeiro trimestre, explica Tatiane. O PIB vem desacelerando no lado da demanda desde o primeiro semestre de 2022, e após a safra recorde, deve continuar assim pelos próximos meses, afirma a economista da Galápagos.
“Apesar disso, o número veio mais forte, dando carrego bastante importante para o PIB de 2023 de 2,4%”, afirmou.
A Galápagos Capital tem expectativa de um corte da Selic em setembro.
Quais setores e investimentos devem despontar após PIB?
Por enquanto, o PIB brasileiro deve ser puxado nos próximos meses pelo desempenho da economia chinesa. O país asiático, principal parceiro comercial do Brasil, vem sofrendo uma queda de demanda que afeta o desempenho das commodities brasileiras.
Caso a economia da China melhore, as commodities brasileiras devem puxar o PIB nos próximos trimestres, aponta Piter Carvalho. “Por enquanto, devemos ficar atentos ao crescimento da China. Se o país bater o crescimento da meta de 5%, consegue estimular a economia brasileira”, diz o economista.
Ainda segundo os dados, Carvalho cita que a indústria não vem tendo o impacto no PIB que o atual governo gostaria. E isso pode estimular políticas voltadas para o setor, explica.
“Mas esses investimentos na indústria não colhem resultados de um dia para o outro. Não deve puxar o PIB tão rápido como em três ou seis meses, mas ele demora anos para maturar um resultado na economia.”
Investimentos em renda fixa continuarão atrativos com PIB
Por outro lado, há espaço para crescimento na demanda interna, puxada pelo crescimento do consumo das famílias, afirma João Piccioni, analista da Empiricus Research.
Para Piccioni, o estimulo ao sistema de crédito pode impulsionar o consumo das famílias. “O processo de deflação pode abrir espaço para o consumo avançar e o agronegócio desacelerar, diminuindo o poder de fogo do setor no PIB trimestral”, afirma.
Assim, renda fixa pós-fixada permanece uma oportunidade atraente para o investidor, diz o analista da Empiricus, já que o corte da Selic pelo BC pode demorar. Para os títulos de longo prazo, como as NTNBs, o conselho do investidor é alongar a carteira para ativos com vencimentos mais distantes, entre 2029 e 2033.
“Já (com relação) os ativos atrelados à inflação, acho que as oportunidades na ponta curta já ficaram para trás”, aponta Piccioni. Isso porque a tendência é o fechamento da curva de juros, dado o processo de desinflação demonstrado pelo PIB do primeiro trimestre”, afirmou.
Investidor deve olhar PIB como ‘peça de quebra-cabeça’
Apesar de animar o mercado, o PIB afeta investimentos indiretamente, diz Ricardo Jorge, especialista em renda fixa da Quantzed. “Um PIB bom melhora as expectativas? Sim, mas somente este indicador não é suficiente para alocar na renda variável, por exemplo, de comprar uma ação específica”.
Para o investidor, o conselho do sócio da Quantzed é olhar o cenário macroeconômico: “O PIB está melhorando, a inflação está arrefecendo, há uma possibilidade do BC cortar juros, do Federal Reserve (BC dos Estados Unidos) cortar juros. Há todo um contexto a ser analisado.”
O PIB seria a peça de um quebra-cabeça de um cenário maior, e como surpreendeu, isso anima o mercado. “Mas não significa que a bolsa não cairá amanhã”, conclui.
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