IPCA-15 de abril abaixo do esperado abre caminho para corte da Selic?
Prévia da inflação desacelerou no mês e alimenta expectativas antes de nova reunião do Copom para definir taxa de juros
A prévia da inflação oficial brasileira desacelerou em abril e ficou abaixo das expectativas do mercado, segundo dados publicados nesta quarta-feira (26) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15) variou 0,57% no mês – vindo de alta de 0,69% em março e contra estimativa de 0,60%, conforme a mediana das 34 consultorias e instituições financeiras consultadas pelo Valor Data.
Com o dado de abril, o IPCA-15 acumula alta de 4,16% em 12 meses. É a menor taxa para um período de 12 meses desde outubro de 2020, quando foi de 3,52%. Até fevereiro, o resultado somado em um ano era de 5,36%. Já a mediana das projeções do Valor Data apontava para um índice de 4,19%.
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Os novos números alimentam expectativas sobre os rumos dos juros no Brasil, principalmente em relação ao início do ciclo de cortes da Selic – que atualmente está em 13,75% ao ano. O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) volta a se reunir na próxima semana para definir a nova taxa.
O recado de Campos Neto
Mesmo com a desaceleração da inflação, os analistas consideram como improvável uma redução dos juros já neste encontro do Copom do começo de maio. O próprio presidente do BC, Roberto Campos Neto, tratou de adiantar em audiência no Senado que a Selic não vai cair agora.
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Campos Neto, aliás, disse não saber quando os cortes vão começar. “Eu não tenho capacidade de dizer [quando vai cair], sou um voto de nove, quando isso vai acontecer, mas é um processo técnico que tem o seu tempo. As coisas têm caminhado no caminho certo”.
Ele destacou ainda, citando o boletim Focus, que há mais de 14 semanas consecutivas a autoridade monetária vê “piora das expectativas de inflação”.
BC, no entanto, pode sinalizar queda
Para Gustavo Sung, economista-chefe da Suno, os dados do IPCA-15 de abril podem ajudar positivamente o cenário do Banco Central, “mas ainda é cedo para afirmar que essa será uma nova tendência”.
“Teremos a reunião do Copom na semana que vem e, apesar dos dados de inflação melhores do que o esperado, acreditamos que a autoridade monetária tem adotada uma estratégia acertada e não deve alterar a taxa de juros nesse primeiro semestre”, aponta.
“Mas, abre-se uma janela para o BC começar a discutir possíveis cortes em breve. A nossa expectativa é de cortes apenas no terceiro trimestre”, acrescenta.
O economista diz que “o desenrolar da questão fiscal e os seus impactos sobre as expectativas de inflação e câmbio, além da curva de juros, são os principais vetores para a trajetória da taxa de juros”. “Ela (questão fiscal) determinará se caminharemos para o nosso cenário base, otimista ou pessimista”, afirma.
A Capital Economics destaca em relatório que, “com o BC adotando um tom ‘hawkish’ nas comunicações recentes, duvidamos que os formuladores de políticas mudem para cortes iminentes nas taxas de juros”.
“Dito isto, as probabilidades estão mudando ligeiramente para um início mais cedo do ciclo de flexibilização do que nossa previsão atual de cortes de juros no quarto trimestre”, pondera.