IPCA de 10% em dezembro não está descartado, diz economista

O economista da Fundação Getulio Vargas, André Braz, considerou na estimativa os aumentos anunciados pela Petrobras no preço do diesel e da gasolina

O economista André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). Foto: Leo Pinheiro/Valor
O economista André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). Foto: Leo Pinheiro/Valor

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) pode encerrar 2021 em 10%, com os recentes reajustes de combustível anunciados pela Petrobras. A possibilidade foi aventada pelo economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) André Braz. Ele fez a observação ao comentar os aumentos anunciados ontem pela Petrobras, de 9,5% no preço do diesel e de 7% no preço da gasolina, que valem nas refinarias a partir de hoje.

Na prática, os aumentos empurram para cima a projeção de taxa final de inflação de 2021, apurada pelo IPCA, “mais para 9,5% do que 9%”, comentou o economista, que não descarta novas elevações de preços de combustíveis até o fim do ano. Para o técnico, caso ocorram novos aumentos em derivados de petróleo, o indicador, índice oficial de inflação do governo, pode terminar ano em 10%. “Não é impossível”, disse. Em 2020, o IPCA terminou o ano em alta de 4,52%.

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Ao detalhar sobre o impacto, na inflação, dos reajustes anunciados ontem pela Petrobras, Braz comentou que os aumentos vão ter reflexo no IPCA de novembro. Isso porque a coleta de preços para o indicador de inflação de outubro deve se encerrar até hoje, notou ele. Portanto não haveria tempo hábil para que o indicador deste mês captasse os efeitos do aumento, no total do índice de outubro.

Para o IPCA de novembro, o impacto da alta do diesel não seria muito expressivo, visto que esse combustível pesa apenas entre 0,2% a 0,3% do total do indicador. Mas não é o caso da gasolina, acrescentou ele. Esse último combustível representa, sozinho, em torno de 6% do total do IPCA, segundo Braz.

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Ele calcula que, do total da alta de preço da gasolina, nas refinarias anunciada ontem pela Petrobras, em torno de dois terços (cerca de 3%) devem chegar ao varejo – ou seja, no preço final da gasolina comprada pelo consumidor. Isso na prática deve ter impacto de 0,18 ponto percentual no IPCA do próximo mês. “Estávamos prevendo uma taxa [no indicador de novembro] em torno de 0,55%, deve ficar mais para 0,73%”, afirmou

O especialista comentou que, antes do anúncio da Petrobras de ontem, o IPCA anual de 2021 caminhava para uma taxa em torno de 9,3%. Agora, com os ajustes anunciados, essa projeção estaria mais para 9,5%. Ele fez uma ressalva. É muito possível que a Petrobras anuncie novos reajustes em derivados de petróleo, e não somente em gasolina. Ele lembrou que o gás de botijão, também derivado, não teve ajuste anunciado hoje. Mas não é impossível que o preço desse item também suba novamente, até o fim do ano, visto que ser originado de petróleo, em alta no mercado internacional, lembrou ele. “Somente o gás de botijão pesa 1,3% do IPCA”, comentou o economista.

Além de petróleo em alta no mercado externo, a cotação do produto também é influenciada por alta do dólar, atualmente em patamar elevado – com desvalorização do real ante cotação de moeda norte-americana – devido a ruídos de comunicação sobre política fiscal brasileira, que elevam instabilidade e cotação do dólar, comentou ele.

“Não é impossível chegar a 10% [o IPCA]. Já temos muitos aumentos importantes, em preços administrados. Para chegar a 10% agora, precisaria de um pequeno ‘empurrão’, que pode vir de combustíveis, que dependem da cotação de petróleo – que não para de subir”, afirmou.

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