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Itaú não vê espaço para corte da Selic agora
O Itaú Unibanco, em relatório divulgado nesta quarta-feira (8), manteve a projeção de Selic em 12,50% no final de 2023 e em 10,0% no encerramento de 2024. Os juros básicos da economia brasileira atualmente estão em 13,75% ao ano e o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) se reúne nos dias 21 e 22 de março para definir a nova taxa.
Mesmo com um aumento da pressão para antecipação do corte de juros, diante da perspectiva de desaceleração da economia, a piora das expectativas de inflação observada no boletim Focus continua, aponta o documento assinado por Mario Mesquita, economista-chefe do banco e também colunista na IF.
“Para reverter a dinâmica negativa, é importante que o governo reforce o compromisso com a inflação baixa e atue para diminuir o risco de elevação consistente da dívida pública”, diz o relatório. “Soluções simplistas, como elevação das metas de inflação e interferências na independência de fato do Banco Central (mesmo sem modificação do arcabouço legal) para forçar uma redução imprudente de juros tenderiam a ter efeitos contrários aos desejados, gerando alta da inflação”, acrescenta o texto de Mesquita.
No cenário para a inflação (IPCA), no entanto, o Itaú baixou de 6,3% para 6,1% a sua projeção para o índice em 2023, já incorporando cortes de preços da gasolina pela Petrobras, compensando parte do efeito da reoneração de tributos federais que já era esperado pelo banco.
“Há risco de novos aumentos de impostos sobre combustíveis, mas eles podem ser compensados por uma mudança da política de preços da Petrobras”, anota o relatório. “Para 2024, mantivemos nossa projeção em 4,2%, com o impacto inercial baixista da revisão de 2023 compensado pela piora adicional nas expectativas longas de inflação”, segue o texto.
Desaceleração da economia deve continuar
O IBGE informou no começo de março que o PIB do Brasil subiu 2,9% em 2022. A atividade econômica, apesar disso, desacelerou e caiu 0,2% no quarto trimestre do ano passado. Para o Itaú, o movimento deve continuar, com o PIB terminando 2023 com alta de 1,3% e crescimento de 1,0% em 2024.
“Após um janeiro positivo, nosso indicador diário de atividade (IDAT-Atividade) aponta para um fevereiro com sinais mistos, com recuo dos gastos em serviços e desaceleração no consumo de bens”, destaca o relatório do banco. “A perspectiva positiva para o PIB da agropecuária traz contribuição significativa para o crescimento deste ano, enquanto os efeitos acumulados da política monetária contracionista e a desaceleração da economia global mais que compensam as medidas expansionistas de política fiscal”, indica o texto de Mario Mesquita.
Expectativa com regra fiscal e reforma tributária
Ainda sobre o cenário macroeconômico, o relatório do Itaú traz uma análise sobre o fiscal, com expectativas para a apresentação da nova regra fiscal do governo federal e também para a proposta de reforma tributária.
“A definição do arcabouço fiscal, a ser apresentado neste mês ao Congresso, e a aprovação de uma reforma tributária são fundamentais. Acreditamos que não há regra fiscal que discipline qualquer governo e que sobreviva sem apoio político, mas que uma regra será melhor se contiver medidas explícitas de ajuste fiscal simples, previsíveis e impositivas”, avalia o banco.
“A reforma tributária, por sua vez, será uma oportunidade de gerar ganhos de simplificação e eficiência, podendo colaborar com a recomposição de receitas após aumentos de gastos e desonerações implementados no ano passado”, considera o Itaú.
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