O juro básico da economia deverá chegar ao fim do ciclo em 11,25% e, diante de taxas de juros mais altas, a atividade econômica deverá perder força, projetam os economistas do Itaú Unibanco. A equipe espera agora um recuo de 0,5% do PIB em 2022. Antes, a expectativa era de crescimento de 0,5%. Em relação ao PIB deste ano, o Itaú manteve sua projeção de crescimento de 5%.
O Itaú Unibanco publicou sua revisão de cenário nesta segunda-feira (25), em um movimento motivado “pela forte mudança recente nos preços e perspectivas para os ativos brasileiros, com suas consequências para a inflação e para a política monetária”.
Diante do aumento da incerteza fiscal, que implica risco-país mais alto, maior depreciação do real e perspectivas piores para a inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve entrar em um regime de “contenção de danos” e elevar a Selic em 1,50 ponto percentual nesta semana.
Os economistas do Itaú Unibanco, contudo, apontam que a situação é “fluida” e que uma rápida retomada da agenda de reformas poderia fortalecer a flexibilidade e resiliência fiscais e ajudar a aliviar as condições financeiras.
Em seu cenário, agora, o Itaú avalia que o BC enfrenta uma situação difícil de ter que acomodar choques sucessivos sem perder credibilidade e manter expectativas de inflação de médio prazo alinhadas às metas. “Em nossa visão, elevar a taxa Selic em 1,0-1,25 p.p. seria uma resposta inadequada, pois sinalizaria uma disposição excessiva para acomodar os riscos de inflação mais elevada, enquanto um movimento acima de 1,5 p.p. provavelmente levaria a uma taxa de juros terminal que colocaria a economia em recessão profunda”, dizem os economistas.
Assim, para eles, embora o meio-termo (alta de 1,50 ponto na Selic) não evite uma recessão, deve contribuir “para limitar o aumento das expectativas de inflação”. O Itaú elevou a projeção para o IPCA no fim deste ano de 8,7% para 9%, enquanto a estimativa para o IPCA de 2022 foi de 4,2% para 4,3%.
Além disso, apesar de uma Selic mais alta, os economistas acreditam que o aumento do prêmio de risco no Brasil deve limitar o potencial de apreciação do real. Assim, o Itaú passou a esperar que o dólar termine tanto este ano quanto 2022 em R$ 5,50, e não mais em R$ 5,25.