Itaú Unibanco corta para 9% projeção da taxa Selic ao fim do ciclo
Banco também reduziu as estimativas do IPCA 2024 para 3,6% e do dólar para R$ 4,90
O Itaú Unibanco (ITUB3; ITUB4) divulgou relatório nesta quarta-feira (20) com suas novas projeções para o cenário macroeconômico brasileiro. Entre os destaques estão as expectativas de um corte mais intenso da taxa Selic e um índice de inflação menor em 2024.
Além disso, o banco passou a estimar uma cotação do dólar mais baixa no fechamento do próximo ano. Já a perspectiva de crescimento do PIB foi mantida. Confira a seguir os destaques:
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Selic a 9%
Para o Itaú, o Banco Central deve manter o ritmo do atual ciclo de política monetária, mas a evolução dos dados abre espaço para um juro terminal mais baixo no país.
“A comunicação do Copom, até este momento, não abre espaço para discutir uma eventual aceleração no ritmo de cortes. Seguimos esperando que o ritmo de 50 p.b. (pontos) de corte seja mantido nas próximas reuniões. Mesmo sem contemplar aceleração, passamos a esperar uma taxa Selic mais baixa ao final do ciclo, em 9,00% (anteriormente, 9,50%)”, destaca o relatório assinado por Mario Mesquita, economista-chefe da instituição financeira, que também é colunista da Inteligência Financeira.
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“A perspectiva de inflação menor do que o anteriormente esperado e o alívio no cenário externo permitem ao comitê um orçamento maior para a flexibilização da política monetária. No entanto, vale notar que, com expectativas de inflação ainda acima da meta, a Selic deve permanecer em território contracionista”, pondera o banco.
IPCA 2024 em 3,6%
Na panorama para a inflação, o Itaú revisou de 4,6% para 4,5% a projeção para o IPCA 2023, “incorporando as surpresas baixistas de curto prazo”. O índice deve ficar assim dentro do teto de tolerância da meta a ser perseguida pelo BC neste ano, que é de 4,75%.
Em 2024, o Itaú baixou de 4% para 3,6% a previsão para o IPCA. Isso signfica que o índice estará perto de encerrar o ano dentro do centro da meta, que passará a ser de 3%.
“Incorporamos impacto do câmbio mais apreciado sobre bens comercializáveis. Além disso, revisamos nossa trajetória do núcleo de industriais subjacentes incorporando impacto de estoques ainda elevados. Com essa revisão o balanço de riscos para 2024 fica simétrico. Uma dinâmica mais benigna do núcleo de serviços é um risco baixista para nossa projeção, enquanto um reajuste maior em cursos regulares em fevereiro é um risco altista”, explica o texto de Mario Mesquita.
Crescimento da economia
O PIB do Brasil deve ter uma alta de 2,9% em 2023 e de 1,8% em 2024, conforme as previsões inalteradas do Itaú. O banco menciona no relatório a expectativa de desempenho menos intenso do agronegócio no resultado do ano que vem. Contudo, o relaxamento monetário tende a contribuir para a economia brasileira não estacionar.
“A desaceleração do crescimento com relação a 2023 será resultado da menor contribuição do PIB Agro e da perspectiva de menores estímulos fiscais. Por outro lado, a política monetária menos contracionista e a resiliência do mercado de trabalho devem sustentar o crescimento próximo do potencial no próximo ano. Para 2025, nossa projeção também é de avanço de 1,8%”, aponta o documento.
Cotação do dólar em 2024
Por fim, o Itaú aliviou de R$ 5,25 para R$ 4,90 a projeção para a cotação do dólar em 2024. O banco espera uma melhora do cenário global, principalmente com o início da queda dos juros nos Estados Unidos.
“Vemos espaço para um desempenho melhor da moeda, considerando a melhora no ambiente internacional, com o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) começando a cortar juros mais cedo no ano, o que ajuda a aliviar em parte a esperada redução do diferencial de juros e deve também trazer enfraquecimento do dólar a nível global”, diz o relatório.
“Ainda assim, continuamos esperando que a economia americana performe melhor do que as demais, o que limita o espaço para uma expectativa de dólar global muito mais fraco, limitando também, na nossa visão, o espaço para um real mais apreciado no próximo ano. Além disso, o prêmio de risco doméstico em nível baixo, para o período pós-pandemia e o bom desempenho da balança comercial devem continuar nos próximos anos, oferecem suporte para a moeda. Projetamos câmbio em R$ 5,10 por dólar em 2025”, completa o texto de Mario Mesquita.