Itaú vê alta da inadimplência como “normalização” e fica fora do consignado para Auxílio Brasil

Banco, que divulgou na segunda (8) aumento de 17,4% do lucro, anunciou pagamento de juros sobre capital próprio

Milton Maluhy Filho, presidente do Itaú Unibanco. Foto: Silvia Zamboni/Valor
Milton Maluhy Filho, presidente do Itaú Unibanco. Foto: Silvia Zamboni/Valor

A elevação da inadimplência entre os clientes de financiamentos bancários neste momento indica, na avaliação do Itaú Unibanco, uma normalização gradual do índice de atraso nos pagamentos. O nível dos calotes é a principal preocupação dos investidores quanto ao desempenho dos bancos brasileiros.

“Passamos 2020 e 2021 com a inadimplência muito abaixo do que deveria. Tem muitas razões para isso, desde os auxílios e financiamentos governamentais, até a diminuição do consumo porque as pessoas saíram menos de casa”, disse na manhã desta terça-feira (9) Milton Maluhy Filho, presidente do Itaú Unibanco, em entrevista coletiva a jornalistas sobre o resultado do segundo trimestre. “Estamos vivendo agora um momento de normalização da inadimplência e de crescimento da carteira de crédito, o que tem reflexo nos custos também.”

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Segundo o balanço, a carteira de crédito para pessoa física do Itaú no Brasil teve expansão de 33,1% entre o primeiro trimestre de 2021 e o primeiro trimestre de 2022, atingindo R$ 372,4 bilhões. A carteira total cresceu 21,9%, para R$ 1,08 trilhão. O índice de inadimplência total – referente a atrasos de mais de 90 dias – subiu de 2,3% para 2,7% no mesmo período. Considerando apenas a operação no Brasil, avançou de 2,7% para 3%.

“É uma performance saudável. Olhando para a frente, o cenário inspira cautela. Desde o terceiro trimestre do ano passado, venho dizendo que a nossa inadimplência ia subir, sobretudo na pessoa física e em linhas como cartão de crédito para não-correntistas do banco e no portfólio de veículos”, disse Maluhy Filho. “Então, o banco vem ajustando a concessão de forma importante nesses segmentos específicos onde estamos sentindo uma deterioração do crédito. A gestão do portfólio é uma coisa que a gente faz todo dia, temos ferramentas para isso. Imagino que a inadimplência vai continuar subindo, estabilizando nos níveis pré-pandemia.”

No quarto trimestre de 2019, a inadimplência total do banco estava em 3%, e a da carteira no Brasil, em 3,4%.

O Itaú teve uma elevação de 17,4% em seu lucro recorrente no primeiro trimestre de 2022 comparado com igual período do ano passado, para R$ 7,68 bilhões. A previsão média dos analistas consultados pelo Valor Econômico era de R$ 7,46 bilhões. Com base nesse resultado, o Itaú Unibanco vai pagar aos investidores JCP (juros sobre o capital próprio) de R$ 0,3065 por ação.

Auxílio Brasil

O banco decidiu não oferecer o crédito consignado para beneficiários do Auxílio Brasil, como autorizado pelo governo federal no começo do mês. “Entendemos que não é o produto certo, seja pelo perfil do público, mais vulnerável, e pela temporariedade do benefício”, disse Maluhy Filho.

Por outro lado, o Itaú Unibanco tem como estratégia elevar os empréstimos a funcionários públicos.

Participação na XP

Maluhy Filho também afirmou, na coletiva de imprensa, que o banco “não tem pressa nem necessidade de vender” sua participação na XP se não achar que “economicamente é adequado”. O Itaú detém atualmente uma fatia de 9,96% no capital social total da XP.

“Não é do nosso interesse criar ‘overhang’ (excesso de liquidez) sobre XP, é fazer vendas cuidadosas e coordenadas”, afirmou o presidente do Itaú Unibanco.

Ele ainda disse que há investidores qualificados que podem ter interesse em transações privadas sobre a XP. “Há sempre possibilidade de fundos que têm interesse tentarem compras lotes [de XP], essas conversas são recorrentes”, disse o executivo.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.

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