Ivete Sangalo se diz comedida com dinheiro e evita investir em imóveis
Cantora e apresentadora afirma que é uma investidora conservadora, mas que não deixa de diversificar a carteira em ativos arrojados
A cantora e apresentadora Ivete Sangalo fechou recentemente uma parceria com o Banco Inter para fazer uma série sobre educação financeira. Ao lado do especialista do banco, Joe Ruas, ela dá dicas de finanças pessoais. E a musa baiana mostrou que sabe bastante sobre dinheiro e finanças. Na campanha, ela ganhou até o apelido de “Investe Sangalo”.
Veveta afirmou ao Valor Investe que é uma investidora mais conservadora, com cerca de 50% do patrimônio em ativos de baixo risco, como renda fixa. Diferentemente de muitas celebridades, a cantora disse que evita investir em imóveis porque, segundo ela, são ativos de pouca liquidez que não condizem com seu perfil.
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Além de se classificar como “comedida” com dinheiro, ela diz que não é uma consumidora de itens caros e não teria dificuldade de cortar luxos se for o caso de as contas apertarem. Confira a entrevista exclusiva:
Valor Investe: Qual foi a melhor coisa que o dinheiro já te proporcionou?
Ivete Sangalo: Foram algumas! A priori, sair de uma situação onde eu passei muita necessidade depois da morte do meu pai. Comecei a trabalhar, comecei a ganhar algum dinheiro e eu comecei a sanar uma série de problemas em torno da minha família. Eu passei a ser uma pessoa que era a capitã da família, gerando não só recursos, mas trabalho para todo mundo, e isso foi muito bom!
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Com o meu trabalho eu pude otimizar a minha presença artística, trazendo recursos pra outras pessoas. Não só no trabalho de filantropia, de engajamento social, mas também de ajudar pessoas que eu acredito, que eu quero bem! Seja do ponto de vista filantrópico, seja do ponto de vista de fomentar carreiras de atletas, de artistas e de gente com potencial. Mas claro que o dinheiro compra aquelas coisas que a gente gosta, como viajar, morar num lugar bom, ter segurança, tudo isso é muito importante.
VI: Qual é seu perfil de investidora? Curte se arriscar um pouco na renda variável? Ou é mais conservadora?
Ivete: Dentro da minha carteira de investimentos eu me considero conservadora. Vamos falar que eu coloco 50% em estratégias conservadoras, 30% arrojadas e 20% moderadas. Eu fico circulando dentro dessas possibilidades.
VI: Qual seu maior arrependimento em relação a dinheiro?
Ivete: Embora eu seja uma pessoa impulsiva, quando eu quero muito uma coisa eu quero fazer logo e, não me lembro de ter me arrependido. Tudo que por ventura eu achava que não ia dar certo, esperei um tempo para valorizar e voltar no mercado para recuperar o dinheiro que eu perdi. Uma coisa que eu evito hoje são imóveis. Eu acho que imóvel não tem a liquidez que a gente precisa. Então, eu prefiro investir em ser um pouco mais conservadora ou eventualmente mais agressiva, mas eu acredito em diversificar investimentos e diversificar também instituições.
VI: Qual das dicas do Joe Ruas, do Inter, você tem mais dificuldade de seguir?
Ivete: Na verdade, eu não tenho dificuldade de seguir. É muito mais do ponto de vista de aprender, ser mais arrojada, por quê? Porque quando a gente não entende de investimento, a gente naturalmente atribui esse potencial a alguém que sabe e sempre tivemos a ideia de que nunca iríamos aprender.
O Joe traz isso pra gente de uma forma muito clara, muito didática e muito lúcida. Se eu quero ser mais arrojada, é importante entender o risco que eu corro, mas entender também o potencial que aquele investimento tem. Então é muito lúcido, é muito claro, não tem mistérios. É como você saber até onde vai o seu risco. É o que Joe tem me ajudado muito.
VI: Se fosse para economizar nas contas de casa, o que você cortaria com facilidade e o que não dá pra abrir mão?
Ivete: Eu já cortei o consumo de energia, hoje a minha casa é abastecida com energia limpa, de placas solares. Eu não sou uma consumidora de itens caros e não sou muito de festas, sou muito equilibrada, então eu cortaria o consumo de itens como vinhos caros, coisas que oneram muito no geral. O que não dá pra abrir mão é uma alimentação equilibrada e saudável pros meus filhos, conforto. Mas diante da situação a gente se adequa, eu sou a favor de me adaptar! Qualquer circunstância que venha eu vou com certeza saber lidar, porque isso era um hábito dentro na minha casa, com meus pais.
VI: O que é mais difícil pra você? Fazer dieta ou guardar dinheiro?
Ivete: Mais difícil pra mim sempre foi a dieta, embora hoje eu esteja muito equilibrada, me casei com nutricionista, não fazemos dieta, fazemos uma reeducação alimentar, já estamos reeducados, inclusive. Mas sem dúvida fazer a dieta. Eu não tenho problemas com dinheiro, eu sou uma pessoa muito comedida.
VI: Sobre os seus filhos, como é a questão de educação financeira em casa?
Ivete: Eu tenho duas pequenininhas que sabem já o valor das coisas. Eu acho importante. Trazer o valor das coisas, o cuidado com as coisas. Elas não têm noção ainda dessa coisa do dinheiro, mas elas já sabem que a mãe compra coisas e que aquilo têm que ser bem cuidado, porque não é toda hora que se pode comprar.
O meu filho mais velho tem tido uma noção muito grande com a ajuda da conta dele no Inter. Eu já vinha ensinando a ele uma noção, mas depois do cartão dele do Inter ele passou a ter um envolvimento maior com gastos, com necessidade de gastos. Porque isso é importante quando a criança tem acesso aos valores e é uma maneira dele controlar o dinheiro dele, passando a identificar o que de fato é necessário do que não é.
VI: Rola “não” para as crianças quando eles pedem algo ou seu coração de mão se derrete e cede a tudo?
Ivete: Rola ‘não’ porque eu tenho uma visão sobre a necessidade. Existe uma coisa chamada “necessidade” e outra chamada “desejo de ter”. Eu acho que cabe a nós, pais, entendermos o equilíbrio sobre dar o que se deseja ter e dar o que se precisa ter. E eu vou fazendo isso aos pouquinhos, mas óbvio que a mamãe tem um coração mole, hora ou outra a gente dá uma flexibilizada, porque eles estão aprendendo ainda. A gente já sabe, a gente já cresceu e já sabe. Agora é a vez da gente ensinar com calma, cautela, porque eles estão no momento de aprendizado. Isso tem que ser feito de forma delicada e de acordo com a idade deles.
VI: Lá no tempo que você era uma de nós, antes de virar rainha da música, o que você achou que nunca conseguiria comprar e hoje conseguiu?
Ivete: Eu acho que eu me tornei rainha da música quando eu entendi que eu era uma pessoa como todas as outras. Não que eu era diferente. Que eu era uma pessoa completamente humana e presente, existindo como indivíduo e tendo as mesmas necessidades e sonhos como todo mundo. Mas uma coisa que veio antes da questão financeira foi a minha força de trabalho, o quão feliz eu fiquei ao saber que com o meu trabalho, concentração, objetividade e planos, eu ia conseguir tudo que eu queria. Êxito na minha profissão e, consequentemente, o dinheiro que receberia por isso melhoraria a minha vida.
Eu pude dar uma casa à minha mãe, eu pude cuidar da saúde da minha mãe, que tinha uma saúde muito debilitada, no tempo de vida que ela esteve comigo. Honrei a presença dela e todo cuidado que ela teve conosco! Eu sempre achei que conquistaria muitas coisas, porque eu tenho esse temperamento, essa força dentro de mim. Mas poder cuidar dos meus filhos, ter a minha família, dar uma educação boa pros meus filhos e proporcionar uma vida confortável, isso é sensacional.
Por Isabel Filgueiras, do Valor Investe