J&F acerta a compra de minas da Vale em MS

Negócio fechado por cerca de R$ 1 bilhão marca entrada da J&F no setor de mineração
Pontos-chave
  • Com a transação, disse uma fonte, a J&F começou a tirar do papel os planos de criar a “JBS da mineração” e vai avaliar novas aquisições para se tornar player relevante no setor

A J&F Investimentos, dona da JBS, acertou ontem a compra das minas de manganês e ferro da Vale em Mato Grosso do Sul por cerca de R$ 1 bilhão, incluindo dívidas, apurou o Valor. O negócio marca a entrada da holding dos Batista em mineração e a expectativa era que um comunicado fosse divulgado ainda ontem.

Com a transação, disse uma fonte, a J&F começou a tirar do papel os planos de criar a “JBS da mineração” e vai avaliar novas aquisições para se tornar player relevante no setor. “Esse é o primeiro passo”, contou. A empresa é uma gigante mundial no mercado de processamento de carne.

A Vale informou no fim da semana passada que estava em tratativas avançadas para vender as operações de minério de ferro, manganês e logística que compõem o Sistema Centro-Oeste, como parte da estratégia de simplificação de portfólio.

Em 2021, segundo a mineradora, a mina situada em Corumbá produziu 2,7 milhões de toneladas de minério de ferro – principal matéria-prima para fabricar aço – e 200 mil toneladas de manganês, que é usado em várias aplicações, inclusive como ferro-liga utilizada como insumo por siderúrgicas.

Com a venda dessas operações, a Vale quer se concentrar, na produção de minério de ferro, em duas regiões – a do Sul, em Minas Gerais, com operações em várias minas e instalações de beneficiamento de finos e pelotas de ferro, e a do Norte, na grande reserva de Carajás, no sul do Estado do Pará. Nesse local, a companhia explora a mina gigante S11D, que produz mais de 100 milhões de toneladas por ano.

Procurada para confirmar ou negar a transação, a Vale limitou-se a reiterar comunicado de sexta-feira,. A J&F não comentou o assunto.

Além de controlar a JBS, a maior produtora de proteína animal do mundo, a J&F é acionista majoritária da Eldorado Brasil, produtora de celulose de eucalipto em Mato Grosso do Sul, e é dona do Banco Original e do PicPay. A holding também controla a Âmbar Energia (que atua em geração e comercialização de energia) e a Flora (dos produtos de limpeza Assim e Minuano).

Na Eldorado, empresa em que é dona de 50,6% do capital, a J&F enfrenta uma disputa judicial sobre o controle da produtora de celulose com a sócia Paper Excellence (PE) há quase quatro anos. Um tribunal arbitral declarou no ano passado a vitória da acionista minoritária no conflito, mantendo a validade do contrato de compra e venda firmado em setembro de 2017.

A J&F recorreu à Justiça comum pedindo a anulação da sentença arbitral. A decisão em primeira instância deve ser conhecida entre maio e junho.

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