José Mauro Coelho, da Petrobras: ‘Presidente entendeu a questão do preço de mercado’
No cargo há menos de 20 dias, novo presidente da Petrobras fala sobre seus desafios, o cenário internacional e da pressão por novos reajustes dos combustíveis
O engenheiro José Mauro Coelho, terceiro executivo a assumir a liderança da Petrobras no governo do presidente Jair Bolsonaro, diz que já identificou que o seu principal desafio à frente da estatal será melhorar a comunicação da empresa com a sociedade. Segundo ele, em entrevista concedida ao Estado de S. Paulo com exclusividade, entre as medidas que pretende adotar para dar maior visibilidade aos temas de interesse da sociedade, está o maior uso das redes sociais. “Tem que estar no LinkedIn, no Instagram, no Twitter”, diz.
Coelho afirma ter uma visão muito clara sobre a empresa e suas atribuições no cargo. “É muito claro para a Petrobras e para o governo que, como uma empresa de capital aberto, listada em bolsa, e por conta de toda legislação existente interna e externamente, a Petrobras deve praticar preços de mercado”, diz. Sobre a relação com Bolsonaro, falou: “O presidente não me pediu absolutamente nada específico. Só pediu para eu conduzir a companhia.”
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A Inteligência Financeira selecionou alguns trechos da entrevista concedida ao Estadão, publicada nesta quarta-feira (4).
Cenário atual mercado petróleo
O cenário internacional que estamos vivendo é um cenário bastante desafiador. Nós ainda temos dois fatos que afetam bastante o mercado de energia como um todo, que é a questão da própria pandemia de covid, com a gente vendo lockdown na China que está aumentando. Às vezes a gente tende a dizer que a covid já passou, mas ainda tem uma participação importante da pandemia e, claro, tem outro fator muito importante, que é o conflito no Leste Europeu entre Rússia e Ucrânia.
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Efeito sobre o mercado brasileiro
Esses conflitos para o mercado de energia em geral são muito importantes. A Rússia era um dos principais fornecedores de petróleo, gás natural e também diesel para a Europa, e as sanções que são impostas à Rússia afetam muito o mercado internacional. Afetam, por exemplo, o mercado de diesel. De uns meses para cá, a gente vê que o petróleo sobe, mas o diesel sobe muito mais, por causa da escassez de oferta. E claro, como tanto o diesel como o petróleo são commodities, isso acaba impactando o mercado doméstico. Hoje nós importamos 27% da demanda de diesel.
Reajuste no preços dos combustíveis
Estamos em um momento de extrema volatilidade. O preço do (petróleo) Brent vai a US$ 130, depois abaixa para US$ 100, fica altamente volátil e o câmbio também está volátil. Então, na Petrobras, acompanhamos a questão do preço dos combustíveis diariamente e, claro, dentro da nossa política de preços. Mas, entendendo também que não podemos ficar passando essas volatilidades, que são conjunturais, então nós acompanhamos tudo isso e, no momento certo, fazemos o reajuste. E quando falo preço de mercado, as pessoas entendem como preço elevado, mas não é isso, pode ser mais baixo e pode ser maior, pode cair ou pode subir.
Volatilidade de preços
A gente trabalha internamente diariamente olhando isso. Estamos preocupados com a questão da volatilidade dos preços e, no momento correto da companhia, vamos fazer reajuste sem nenhum tipo de problema, para cima ou para baixo.
É muito claro para a Petrobras e para o governo que, como uma empresa de capital aberto, listada em bolsa, e por conta de toda legislação existente interna e externamente, a Petrobras deve praticar preços de mercado.