Em carta, CEO do JP Morgan alerta que tarifas vão aumentar preços e frear crescimento dos EUA

- CEO do JP Morgan, Jamie Dimon, alerta sobre impacto negativo das tarifas de Trump.
- Tarifas aumentarão inflação e preços, desacelerando o crescimento econômico.
- Bolsas americanas e globais sofrem impacto, com ações de bancos entre as mais afetadas.
- Dimon considera situação geopolítica a mais tensa desde a Segunda Guerra Mundial.
- Preocupação com retaliações globais e efeitos sobre lucros corporativos e dólar.
- Apesar de previsão de benefícios a longo prazo, Dimon alerta para efeitos negativos cumulativos.
Jamie Dimon, presidente executivo do banco JP Morgan, escreveu nesta segunda-feira (7) que está preocupado sobre como as novas tarifas de Donald Trump afetarão as alianças econômicas de longo prazo dos Estados Unidos.
Essas relações, afirmou o executivo, foram essenciais para a “posição extraordinária do país nos assuntos mundiais”.
Jamie Dimon é uma das figuras mais populares do mercado financeiro americano e, no último período eleitoral, contou com lobby de alguns representantes de Wall Street para concorrer à Casa Branca.
Em sua influente carta anual aos acionistas, divulgada nesta segunda, o CEO do JPMorgan apontou que as tarifas provavelmente vão aumentar a inflação dos produtos importados e, consequentemente, dos preços internos dos Estados Unidos, com o aumento dos custos dos insumos.
“Se o menu de tarifas causa ou não uma recessão ainda é uma questão, mas ela irá desacelerar o crescimento”, escreveu Dimon.
Bolsas sentem o impacto
As bolsa americanas e, nesta segunda-feira, de todo o mundo, foram duramente atingidas pelo conjunto de medidas protecionistas de Donald Trump.
Desde quarta-feira da semana passada, dia batizado por Trump como “Dia da Libertação”, o S&P 500 e o Nasdaq já despencara, mais de 10%.
As ações dos bancos estavam entre as que foram mais atingidas, com investidores temendo que uma recessão levaria a uma retração nos empréstimos e nos negócios. Uma dinâmica similar a que o investidor brasileiro está habituado na B3.
Momento mais tenso desde a 2º guerra
Nos últimos anos, Dimon tem alertado sobre os riscos para a economia, das guerras na Ucrânia e no Oriente Médio, às taxas de juros e dívida do governo dos Estados Unidos.
Ele chamou a situação geopolítica global de a mais tensa desde a Segunda Guerra Mundial. Hoje, em sua carta aos investidores, ele adicionou as tarifas a essa lista de questões latentes.
Retaliações globais
Na sua carta aos acionistas, Dimon disse que há muitas incertezas em torno das tarifas, incluindo ações retaliatórias de outros países e os efeitos sobre os lucros corporativos e o dólar.
“Quanto mais rápido esse problema for resolvido, melhor, porque alguns dos efeitos negativos aumentam cumulativamente ao longo do tempo e seriam difíceis de reverter”, escreveu.
“No curto prazo, vejo isso como uma grande gota d’água no copo (“cheio da economia”, escreveu o executivo.
Efeitos de longo prazo
Dimon prevê agora um profundo processo de negociações entre governos de diferentes países e blocos econômicos.
Após essas negociações, o CEO do JP Morgan afirmou que espera que o efeito a longo prazo das tarifas traga benefícios aos EUA.
Mudança de tom
O tom de Dimon sobre tarifas mudou com a implementação de seus planos tarifários por Trump.
Em janeiro, ele não pareceu preocupado com tarifas no Fórum Econômico Mundial em Davos.
“Se for um pouco inflacionário, mas for bom para a segurança nacional, que assim seja”, ele disse em uma entrevista à CNBC, canal de televisão americano.
Mas em março, Dimon estava expressando mais preocupação sobre os efeitos das tarifas sobre as empresas, observando que “a incerteza não é uma coisa boa”, como disse em um evento sobre aposentadoria, nos Estados Unidos.
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