Há boas razões para crer que mais juros é necessário, diz presidente do Fed da Filadélfia
Mary Daly: ‘força da economia e as leituras elevadas da inflação sugerem que há mais trabalho a ser feito’
Para a presidente do Federal Reserve (Fed) da Filadélfia, Mary Daly, “há boas razões para crer que a política monetária tenha de ser mais apertada para reduzir a inflação” à meta de 2% do BC, segundo disse em discurso durante evento da Câmara de Salt Lake há pouco.
“Embora o impacto total do aperto [monetário] ainda esteja se manifestando no sistema, a força da economia e as leituras elevadas da inflação sugerem que há mais trabalho a ser feito”, ponderou Daly.
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Mercado de trabalho no foco
Ela destacou o atual desequilíbrio do mercado de trabalho como outro fator. O setor registrou, na média, cerca de 350 mil contratações líquidas no primeiro trimestre, bem acima das 90 mil necessárias “para acompanhar o crescimento da força de trabalho”.
Ainda que tenha mostrado sinais de desaceleração recentemente, o mercado de trabalho americano ainda está muito apertado e deve reduzir o ritmo “apenas gradualmente”, na visão da dirigente, que não vota nas reuniões deste ano do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês).
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Apesar da postura mais agressiva acerca da política monetária, Daly ressaltou que o cenário atual é incerto e admitiu que “há razões para acreditar que a economia seguirá desacelerando sem novos ajustes” do Fed nos juros.
Uma das principais fontes de incerteza, segundo ela, é o impacto da crise de bancos regionais dos EUA sobre a atividade. Daly afirma que é possível ver evidência inicial de que o episódio tem provocado uma redução do acesso ao crédito por consumidores e empresas no país.
Divergências no Fed
Sua fala contrasta com o que disse hoje o presidente do Fed de Richmond, Thomas Barkin. Para ele, ainda não é possível observar impacto significativo da crise bancária sobre o crédito.
Diante do elevado nível de incerteza presente, o Fed “precisará tomar decisões calibradas pelos dados” que forem divulgadas antes de cada reunião do Fomc, defendeu Daly ao reforçar a postura cautelosa que tem caracterizado os comentários de dirigentes do BC americano nas últimas semanas.