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Juros futuros fecham em queda com ajuste pós-feriado
Os juros futuros encerraram o pregão desta quinta-feira em queda ao longo de toda a estrutura a termo da curva, em especial vértices intermediários e longos. Segundo participantes do mercado, o movimento foi um reflexo do ajuste ao recuo dos rendimentos dos títulos públicos no exterior ontem, em meio à forte baixa nos preços do petróleo, e à retirada de prêmio de risco nas taxas, após as manifestações do dia 7 de Setembro não terem provocado maior tensionamento entre os Poderes da República.
Assim, no horário de encerramento da sessão regular, às 16 horas, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 caía de 13,10% para 13,035%; a do DI para janeiro de 2025 recuava de 11,93% para 11,765%; a do DI para janeiro de 2026 cedia de 11,695% para 11,49%; e a do DI para janeiro de 2027 passava de 11,625% para 11,435%.
Vale ressaltar que, na terça-feira, discursos mais duros proferidos por autoridades do Banco Central (BC) haviam provocado forte alta nas taxas dos DIs, o que também favoreceu o movimento de distensão no mercado local hoje.
Além disso, a proximidade do 7 de Setembro também provocava um aumento da cautela entre os agentes financeiros. Hoje, portanto, foi observada uma retirada dos prêmios de risco relacionados às manifestações, que, na avaliação dos investidores, ocorreram conforme o esperado e não devem ter efeitos de aprofundar ainda mais a tensão política que predomina no país. Por outro lado, segundo eles, os movimentos de rua denotam força de mobilização do candidato à presidência da República, Jair Bolsonaro, e ainda apontam para uma corrida eleitoral parelha.
“Teve um pouco de medo de véspera de feriado com as manifestações, que deve estar sendo revertido hoje. Elas foram bem grandes e sem tumultos, fortalecendo a percepção de um cenário eleitoral competitivo”, avalia o operador de renda fixa de um banco local.
Outros fatores citados pelo profissional para o movimento de baixa nas taxas dos juros futuros foram o recuo observado nos preços do petróleo Brent na quarta-feira, que recuou mais de 5% e fechou o pregão de quarta-feira negociado abaixo dos US$ 90 o barril.
Segundo a Capital Economics, apesar do rali recente observado no mercado de juros local, uma combinação de fatores internos e externos elevará os prêmios de risco no Brasil no restante do ano, o que embasa a projeção da consultoria de desvalorização do real e de um movimento de vendas nos títulos soberanos do país.
“No ponto de vista doméstico, achamos que os investidores estão subestimando o quão frágil é a situação fiscal do Brasil, com nenhum candidato na eleição presidencial de outubro parecendo provável que tome as medidas necessárias para enfrentar os problemas profundamente enraizados na economia”, afirma a consultoria.
Já na frente externa, os bancos centrais de mercados desenvolvidos continuarão a priorizar o combate à inflação em detrimento da atividade, contribuindo para uma piora ainda maior do apetite global por risco, queda nos preços das commodities e piora nos termos de troca do Brasil.
Assim, a projeção da Capital Economics é que o real encerre 2022 negociado a R$ 5,50 e que o juro do título de 10 anos do país suba a 13%. No leilão do Tesouro Nacional realizado hoje, por exemplo, a NTN-F para 2033 foi emitida à taxa máxima de 11,9180%.
Também houve colocação integral de 7,5 milhões de LTNs para três vencimentos e de 93,7% do lote de 650 mil NTN-Fs para dois vencimentos, em emissão conjunta que teve volume de R$ 6,14 bilhões.
No exterior, o Banco Central Europeu (BCE) elevou suas taxas de referência em 0,75 ponto percentual, possibilidade que vinha ganhando corpo nos últimos dias, e a presidente da instituição, Christine Lagarde, deixou a porta aberta para ajustes da mesma magnitude nas próximas reuniões.
Já o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, voltou a combater as expectativas de um início prematuro do ciclo de flexibilização monetária nos Estados Unidos. “A história soa um forte alerta sobre os riscos de afrouxar a política monetária cedo demais”, afirmou Powell, ao explicar que, quanto mais tempo a inflação permanece elevada, maior o risco de que as expectativas de inflação do público fiquem ancoradas em níveis mais elevados.
Neste contexto de elevadas preocupações inflacionárias e atividade resiliente, o Goldman Sachs e o Jefferies revisaram suas projeções de curto prazo para as taxas de juros nos EUA e passaram a esperar uma alta de 0,75 ponto percentual na próxima reunião do Federal Reserve. O Goldman Sachs elevou também sua estimativa de taxa de juro para a faixa entre 3,75% e 4% no fim do ano, enquanto o Jefferies manteve sua projeção de taxa terminal entre 4% e 4,25%.
Os sinais emitidos pelos principais bancos centrais do planeta de que ainda estão engajados na batalha contra a inflação promoveram uma forte alta nos rendimentos dos títulos públicos globais de prazo mais curto. O juro da T-note de 2 anos sobe de 3,443% para 3,493%, enquanto a taxa do título alemão de mesmo prazo avançou a 1,345%, de 1,092%. Já o juro da T-note de 10 anos subia de 3,267% para 3,294%, enquanto o bund alemão de mesmo vencimento avançou de 1,575% para 1,728%.
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