Juros: taxas sobem com retornos dos Treasuries
No Brasil, não houve agenda capaz de mexer com as taxas, mas pelo lado fiscal é crescente o desconforto, com os projetos de arrecadação caminhando a passos lentos no Congresso
Os juros futuros fecharam a sexta-feira (8) em alta, reproduzindo o comportamento dos rendimentos dos Treasuries após o relatório de emprego nos EUA ter surpreendido levemente para cima e esfriado o otimismo sobre um corte de juros pelo Federal Reserve (banco central dos EUA) ainda no primeiro trimestre de 2024. No Brasil, não houve agenda capaz de mexer com as taxas, mas pelo lado fiscal é crescente o desconforto, com os projetos de arrecadação caminhando a passos lentos no Congresso e aumento na perspectiva de gastos.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 subiu de 10,300% para 10,345% e a do DI para janeiro de 2026, de 9,93% para 10,01%. A do DI para janeiro de 2027 avançou a 10,11%, de 10,05%, e a do DI para janeiro de 2029 terminou em 10,53%, de 10,49%. Na semana, as taxas tiveram leve avanço em relação ao fechamento da última sexta-feira.
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Payroll: relatório de emprego nos EUA
A leitura do payroll dos EUA em novembro, destaque da agenda do dia, conduziu os ativos de forma generalizada, pressionando para cima as taxas locais. O indica resiliência do mercado de trabalho americano, o que pode levar o Federal Reserve a esticar o período de manutenção dos juros entre 5,25% e 5,50%. A geração de 199 mil vagas superou em 1 mil a mediana de 198 mil, a taxa de desemprego caiu a 3,7%, ante estimativa de estabilidade a 3,9%, enquanto o salário médio por hora avançou 0,35%, praticamente em linha com o 0,30% previsto.
Na leitura de Gino Olivares, economista-chefe da Azimut Wealth Management, o mercado de trabalho americano continua seu processo de correção e, a princípio, tudo em linha com o cenário desenhado pelo Fed, que na semana que vem deverá manter inalterada a taxa de juros. “O interesse maior está na sinalização que o FOMC fará dos seus próximos passos”, diz. As apostas de que o processo de quedas começa em março refluíram em relação a ontem, de 64,4% para 45,6%, segundo a ferramenta do CME Group, enquanto as de manutenção subiram de 35,4% para 53,5%.
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Pauta de projetos fiscais para a próxima semana
O ajuste das curvas globais atingiu também os DIs no Brasil, sendo que aqui há ainda um pano de fundo adicional de cautela com o risco fiscal. O economista-chefe e sócio da JF Trust, Eduardo Velho, lembra do adiamento da aprovação dos projetos fiscais para a próxima semana. “O governo, combinado com o apoio da base governista, precisa aprovar na próxima semana a cadeia de projetos que visam a dar um mínimo de arrecadação e suavizar o déficit público para 2024”, afirmou citando a Medida Provisória (MP) da subvenção do ICMS, a votação da Lei das Diretrizes Orçamentárias (LDO), os vetos do Carf, regulamentação das apostas esportivas e a reforma tributária. “Caso contrário, teremos um novo estresse na curva de juros.”
Sobre o projeto da LDO, inicialmente, foi vista com bons olhos a supressão da chamada emenda Randolfe, que limitava o bloqueio de despesas à revelia da meta fiscal, pelo relator, o deputado Danilo Forte (União-CE). No entanto, ele incluiu no parecer um dispositivo que propõe a mesma sugestão dada pelo governo, ou seja, de que o contingenciamento não ultrapasse R$ 23 bilhões, mas técnicos do orçamento do Congresso ouvidos pelo Broadcast Político avaliam que o artigo incluído é “confuso” e dá “margem a interpretações”.
Com informações do Estadão Conteúdo.