Caixa Econômica capta mais com LCI com demanda por crédito imobiliário aquecida

Banco descarta elevar juros do financiamento de imóveis, mesmo com a Selic subindo em 2025

A Caixa Econômica sinalizou nesta semana que não planeja elevar os juros do crédito imobiliário para a classe média em 2025, mesmo com a Selic em alta.

“Não vejo necessidade, neste momento, de realinhamento de taxa”, disse a jornalistas o vice-presidente de finanças do banco, Marcos Brasiliano.

Atualmente, a taxa de juros para esse produto na Caixa está em 11,5% ao ano, ante 10% em 2024.

O comentário surge diante da expectativa de desaceleração do crédito para compra da casa própria neste ano, refletindo principalmente o aumento da Selic.

A taxa básica de juros subiu de 10,5% para 13,25% ao ano desde setembro. E a expectativa do mercado é de que supere 15% anuais neste ano.

Responsável por quase 70% do financiamento imobiliário no país, a Caixa desembolsou R$ 223,6 bilhões para este fim em 2024, um aumento de 20,6% sobre um ano antes.

Para este ano, a Caixa prevê fazer cerca de R$ 200 bilhões para o setor.

“Não vamos nem acelerar nem pisar no acelerador”, disse o presidente da Caixa, Carlos Vieira (foto).

Seu comentário reafirma o que havia dito em entrevista à Inteligência Financeira no começo do mês.

Poupança empaca, Caixa capta mais com LCI

O saldo de caderneta de poupança no Caixa no fim de 2024 somava R$ 385,4 bilhões, subindo 7,5% em 12 meses.

Com a demanda por crédito imobiliário crescendo num ritmo quase três vezes superior ao de recursos da poupança, o banco vem recorrendo as mais recursos do mercado.

Assim, a Caixa levantou 34% mais com instrumentos como a Letra de Crédito Imobiliário (LCIs) em 2024, a R$ 221,6 bilhões.

A LCI acompanha mais de perto a Selic. É, portanto, um recurso mais cara para o banco do que a poupança, ao redor de 8%.

Segundo Brasiliano, neste começo de 2025, o banco já levantou quase R$ 10 bilhões em LCIs, sejam pós ou prefixadas.

A modalidade pré vem oferecendo uma rentabilidade equivalente 80% das taxas de juros futuras, o que equivale a cerca de 13,5% ao ano.

“Nossa metas de captação (com LCI) para o ano já foi quase atingida”, disse o CFO da Caixa.

Saque-aniversário do FGTS não afeta crédito imobiliário, diz Caixa

Segundo Vieira, a liberação de recursos do FGTS para quem havia optado pela modalidade de saque-aniversário não prejudicará o financiamento imobiliário.

O governo federal e a própria Caixa estimam que os saques devem movimentar cerca de R$ 12 bilhões.

Mas, segundo Vieira, esses recursos já não compunham os recursos do FGTS que poderiam ser usados para financiamento habitacional.

Em outra frente, o executivo disse que o banco está pronto para começar a operar o crédito consignado para trabalhadores do setor privado.

“O consignado privado pode dar acesso a crédito mais barato para cerca de 40 milhões de pessoas”, disse Vieira.

Carlos Vieira, presidente da Caixa Econômica Federal. Foto: Divulgação

Caixa não quer ter rentabilidade igual à do Itaú, diz CEO

O banco estatal anunciou na terça-feira (25) um lucro recorrente de R$ 14 bilhões para 2024, um aumento de 31,9% sobre um ano antes.

No fim de dezembro, a carteira de crédito da Caixa somava R$ 1,236 trilhão, aumento de 10,4% em 12 meses.

Com isso, a rentabilidade sobre o patrimônio (ROE) do banco ficou em 10,4% no fim de 2024.

Dessa forma, apesar de subir ante os 8,5% de um ano antes, o indicador ficou bem abaixo de rivais como Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3), ao redor de 20%.

“O ROE da Caixa é satisfatório; não queremos nunca ter um ROE dos bancos privados, porque temos o papel social da Caixa”, disse Vieira.

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